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Estado de Minas

Deputados suspeitos na Lava-Jato se dizem constrangidos por ter de depor na PF


postado em 09/04/2015 00:01 / atualizado em 09/04/2015 07:54

Brasília - Os parlamentares que precisam prestar depoimentos sobre eventual participação no esquema deflagrado pela Operação Lava-Jato têm se queixado do "constrangimento" de se apresentarem à Polícia Federal. Segundo relatos de interlocutores, o pedido é para que os próximos possam depor na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nessa quarta-feira, 8, os deputados do PP-RS Jerônimo Goergen e Renato Molling prestaram depoimento. Os dois são investigados no inquérito que apura suposta formação de quadrilha por 39 pessoas. Os parlamentares são citados na delação do doleiro Alberto Youssef na lista de deputados do PP que recebiam entre R$ 30 e R$ 150 mil por mês, parte da propina nos contratos da Petrobrás.

A opção dos investigadores, segundo fontes, é por iniciar a realização das diligências relativas aos casos de "doação legal" com dinheiro supostamente desviado da Petrobras, para depois juntar os fatos apurados à investigação da formação de quadrilha. O depoimento dos dois deputados do PP-RS, portanto, aconteceu em razão da apresentação espontânea dos parlamentares.

Molling negou as acusações e afirmou não ter recebido recursos de forma ilícita. Ele informou que vai disponibilizar ainda nesta semana seus extratos bancários e as declarações de imposto de renda.

Goergen repetiu os argumentos que vem apresentando desde a divulgação da lista de investigados nas duas horas em que foi ouvido por três procuradores e um delegado da PF. Deputado federal desde 2011, ele diz que não integrava a Câmara na data em que foi citado por Youssef. Ele também afirmou que fazia oposição interna no partido ao grupo envolvido no esquema.

"Tentei mostrar minha vida dentro do partido. Me coloquei à disposição, disse que apoio integralmente a investigação", afirmou o deputado. Goergen disse já ter entregue ao Ministério Público todos os seus extratos bancários a partir de 2010 e que já autorizou a quebra de seu sigilo telefônico.

Na semana passada, segundo fontes da PF, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) se apresentou para depor. Ela foi acompanhada do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. Há rumores de que Bernardo tenha prestado depoimento no mesmo dia. Apesar de não ser investigado, ele é citado nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Segundo Costa, Youssef o avisou que o ex-ministro pediu no início de 2010 um "auxílio financeiro" no valor de R$ 1 milhão para a campanha da petista. A assessoria da senadora nega que Gleisi já tenha prestado depoimento e afirma que, em petição, ela se disponibilizou a marcar a data da oitiva, mas ainda não foi chamada.

Já prestaram depoimento também o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Os dois foram citados por Paulo Roberto Costa, em delação premiada, como beneficiários de recursos oriundos de propina para campanha eleitoral.

A assessoria do senador pernambucano confirmou à reportagem que o depoimento foi prestado no dia 24 de março e que Humberto Costa repetiu o que vem dizendo publicamente desde que apareceu entre os supostos beneficiários do esquema de corrupção, que as doações recebidas por ele são legais e que sua relação com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras se deu apenas no contexto da implantação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

À reportagem, a assessoria de Farias confirmou também o depoimento, mas não quis comentar sua fala. As diligências de investigação dos políticos supostamente envolvidos na Lava-Jato tinham prazo inicial de 30 dias para serem cumpridas, a contar da abertura dos inquéritos. O prazo se esgota nesta semana e a Procuradoria-Geral da República vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que o período seja prorrogado. O pedido é protocolar e deve ser acatado pelo ministro relator dos inquéritos, Teori Zavascki. Novos depoimentos estão programados para a próxima semana.


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