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Estado de Minas

Disputa eleitoral para a Prefeitura de BH já começou

Corrida pela sucessão municipal no ano que vem já começou nos bastidores dos partidos. Eventuais concorrentes trabalham para garantir pista livre de obstáculos até a indicação


postado em 23/03/2015 06:00 / atualizado em 23/03/2015 07:21

Disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições de 2016 deve girar em torno da polarização entre PSDB e PT(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições de 2016 deve girar em torno da polarização entre PSDB e PT (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Os potenciais candidatos já passam de 15, numa disputa de fundo que repetirá mais de duas décadas de polarização entre PT e PSDB nas sucessões municipais e estaduais – exceção feita a 2008, quando se uniram na corrida à Prefeitura de Belo Horizonte em torno de Marcio Lacerda (PSB). Petistas querem recuperar a capital, perdida nas eleições de 2012, depois de participarem do núcleo das decisões administrativas e políticas desde o governo Patrus Ananias (PT), eleito em 1992. Já tucanos miram a conquista da administração da cidade como estratégia prioritária para recuperar a sua base política no estado, pulverizada após a derrota nas eleições de 2014. Em meio a um novo confronto agressivo entre vermelhos e azuis que se anuncia, não são poucos aqueles candidatos que por ora se lançam na aposta de uma terceira via. De nanicos bem-sucedidos nas eleições proporcionais a partidos de porte médio, de tudo há um pouco.


Os primeiros lances pós-eleitorais da sucessão à PBH sinalizam, neste momento, para um cenário em que dois dos três líderes e aliados nas eleições de 2008 – o governador Fernando Pimentel (PT) e o prefeito Marcio Lacerda (PSB) – estarão em campos opostos. A recente reforma administrativa promovida pelo socialista denota a disposição de manter a aliança política com o PSDB e o grupo de aliados que o reelegeu em 2012, lançando água sobre a fervura da aposta de uma aproximação com o PT em torno de uma chapa de consenso. Essa hipótese aventada se destinaria a isolar o PSDB em BH, em resposta às eleições municipais passadas, quando socialistas e petistas romperam o acordo na véspera do prazo final para o registro das chapas na Justiça eleitoral. O PSB caminhou com os tucanos, e, diferentemente da união entre PT, PSDB e PSB de 2008, o confronto nas urnas foi polarizado entre dois campos que tinham, em seu núcleos, socialistas e tucanos de um lado; petistas e peemedebistas do outro.

Cautela

“Nossa aliança será com os partidos que nos apoiaram em 2012 e estão na administração. A hipótese de aliança fora disso não existe afirma o prefeito Marcio Lacerda, que prefere não abordar possíveis nomes, evitando debate que, acredita, prejudicaria o andamento de sua gestão e a interlocução com a Câmara Municipal. Mas, em política, antes que um pleito se encerre, inicia-se a nova eleição. Em conversas em abril do ano passado entre Lacerda e o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, foi fechado acordo de que caminhariam juntos em 2016 e que o protagonismo na condução do processo seria do socialista. Em bom português, a coalizão entre tucanos e socialistas, já no primeiro turno, depende portanto, de que a indicação dos candidatos saia de um consenso conduzido por Lacerda.

Mas, dentro do PSB de Lacerda, que pretende assumir a presidência estadual da legenda, nem tudo são flores. O atual dono do cargo e deputado federal Júlio Delgado, que tem manifestado a intenção de continuar à frente do partido, admite que o processo sucessório tenha de ser conduzido por Lacerda. Mas, segundo ele, as bases do partido reivindicam uma candidatura própria. Com o título eleitoral em Juiz de Fora, Delgado está disposto a transferi-lo para a capital mineira. “A possibilidade do meu nome existe. Há militantes pressionando para isso”, afirma.

APOIO No campo político formado por PSB, PSDB, PV e PPS, legendas que estão em postos-chaves no núcleo duro do governo, há mais um pré-candidato explícito e outros silenciosos. O vice-prefeito, Délio Malheiros (PV), que em 2012 renunciou à sua candidatura para compor a chapa com Marcio Lacerda, assinala: “É meu propósito me candidatar, mas não é a minha prioridade no momento”. Considerando que “apoio se conquista, não se impõe”, Délio Malheiros vai trabalhar com discrição pelo apoio de Lacerda, ao mesmo tempo sinalizando ao PSDB que seria uma possibilidade para a convergência do grupo.

No ninho tucano, onde se dará a principal interlocução do PSB em BH, estão colocados o deputado federal Rodrigo de Castro e o deputado estadual João Vítor Xavier. Pimenta da Veiga (PSDB), ex-prefeito de BH e candidato derrotado ao governo de Minas, não é mais cogitado. “Não sou pré-candidato e de nenhum modo o meu nome vai ser considerado”, afirma Pimenta. Já o senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) voltou nas últimas semanas a ser lembrado para encabeçar uma chapa, tendo por vice o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão.

Há outros atores neste mesmo campo político, como a possibilidade de candidatura do ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro, que está de malas prontas para deixar o PP. Também a ex-deputada estadual Luzia Ferreira (PPS), que acaba de sair da Secretaria Municipal de Governo para assumir a Secretaria Municipal de Políticas Sociais, é outra na corrida à PBH. Poderá tanto encabeçar uma chapa como ser opção para uma composição como vice.

UNIÃO Numa posição política um pouco diferente, estão aliados de Marcio Lacerda que se declaram independentes para postular candidatura própria. Nesta categoria, está o presidente da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), presidente estadual da legenda. Ele encabeça coalizão de partidos nanicos que agora levantam a voz para marcar posição não só nas disputas proporcionais, onde desenvolveram expertise em montar chapas eficientes, mas também na eleição majoritária. “Conversei com Aécio e disse-lhe que precisamos escolher um nome que não seja imposto. Um nome que seja construído. Queremos uma terceira via”, afirma Magalhães, em nome não apenas de sua sigla, mas também do PSDC, do PRP e do PR. Em bom “politiquês”, os nanicos se unem para indicar Wellington Magalhães como vice de uma chapa forte. Preferencialmente, mas não exclusivamente, no grupo de Lacerda.

Também em voo solo se lança o deputado federal Eros Biondini (PTB), que foi candidato a vice de Leonardo Quintão (PMDB) na disputa pela PBH nas eleições de 2008 e abriu mão de sua candidatura à corrida sucessória de 2012 para apoiar Lacerda. “A minha candidatura é natural”, afirma, considerando que ainda não tem resposta se estará no mesmo campo político do PSDB e de Marcio Lacerda nesta disputa.

Com o aval do governo


Ao lado do PT, se enfileira o PMDB. Esta será uma chapa conduzida pelo governador Fernando Pimentel (PT). Há vários nomes. A começar no PMDB pelos deputados federais Leonardo Quintão e Laudívio Carvalho, além do deputado estadual Sávio Souza Cruz. Também é lembrado Josué Gomes da Silva, candidato ao Senado com surpreendente votação em Minas. “A partir da semana que vem, começaremos a conversar. A linha preferencial é a composição com o PT em todas as cidades de Minas. Em algumas, vamos apoiá-los. Em outras, seremos apoiados”, afirma o vice-governador e presidente estadual da legenda Antônio Andrade.


No PT, um único candidato admite o desejo de concorrer. “A minha disposição é total. Mas, como secretário do governo Fernando Pimentel, só me cabe colocar nas mãos dele esta decisão”, afirma o secretário de estado de Ciência e Tecnologia, Miguel Corrêa. Ele, que é presidente municipal do PT e é majoritário no partido, seria o candidato a vice na chapa de Marcio Lacerda em 2012. Até a ruptura e a indicação que se seguiu de Patrus Ananias (PT), atual ministro da Reforma Agrária, para bater chapa contra o socialista e os tucanos. “Se Fernando Pimentel achar que o meu nome é o melhor para representar o partido, serei o candidato. Caso contrário, apoiarei quem for o indicado, sem criar disputa interna no PT”, afirma Corrêa.

Na legenda, a candidatura do deputado federal Gabriel Guimarães é tecida silenciosamente. Ao mesmo tempo, aliados mais próximos a Fernando Pimentel articulam a candidatura de perfil mais técnico de Helvécio Magalhães, secretário de estado de Planejamento e Gestão.


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