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Estado de Minas

Protesto em BH acaba em botecos e restaurantes da capital


postado em 16/03/2015 06:00 / atualizado em 16/03/2015 08:17

Restaurantes do entorno da praça reuniram centenas de pessoas entre os protestos da manhã e da tarde(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Restaurantes do entorno da praça reuniram centenas de pessoas entre os protestos da manhã e da tarde (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

“Um brinde a favor do impeachment! Não, é melhor fazer um brinde contra a corrupção. Na verdade, vamos brindar ao povo brasileiro”, concordaram, em coro, o empresário Gelson Duarte, a irmã, a publicitária Luciana Duarte, e o amigo Alexandre Prates, representante comercial. Depois de participar do protesto na manhã desse domingo (15), eles aproveitaram para beber uma cerveja e discutir sobre a situação política do país nos botecos e restaurantes do Bairro de Lourdes, na Zona Sul de Belo Horizonte. “O movimento estava muito unido a fora a Dilma e contra a corrupção”, comemorava Gelson, enquanto a irmã dele lamentava o local escolhido para a manifestação.

Nas mesas dispostas nas calçadas, as camisas com a bandeira do Brasil eram a cor predominante, lembrando os dias de jogos da Copa da Mundo. Os manifestantes também lotaram restaurantes situados nas imediações da Praça da Liberdade, que se tornaram uma extensão informal do protesto. “Fora Dilma” era o grito de guerra mais ouvido entre os frequentadores da churrascaria da Rua da Bahia, que funcionou como reduto de algumas turmas, que emendaram um protesto no outro. “Foi uma manifestação sadia, havia pessoas em cadeiras de rodas e famílias com suas crianças”, afirmou o administrador Alberto Volpini.

Ele e os amigos haviam chegado à praça às 9h30, faziam um intervalo de almoço e pretendiam retornar para a passeata do turno da tarde. “Eu era militante e cheguei a votar no Lula, mas o PT em sua essência acabou. Virou o partido da roubalheira e da corrupção”, criticou a comerciante Ângela Ribeiro, da mesma turma.

“Desta vez não vai acabar em pizza. A gente quer ética neste país”, defendia o César Garcia, que literalmente levava uma pizza amarrada ao pescoço, enquanto o primo Frederico Barros encarregava-se de levantar o cartaz com as palavras de ordem. Fabricante de pizzas congeladas, César se esforçava para atender aos diversos pedidos para fotos e selfies de outros manifestantes, que saíam do restaurante. “É uma pena, mas esse protesto não vai dar em nada”, previa ele.

Protesto Lucrativo

Cervejas de diversas marcas, em garrafas tipo long neck ou em latas, eram oferecidas nesse domingo a R$ 6 na manifestação da Praça da Liberdade. O comércio de bebidas, camisetas e faixas contrárias ao governo federal garantiu o lucro de muitos ambulantes na capital. O vendedor Marco Antônio Moreira foi um dos que aproveitaram para faturar com o movimento. “É a nossa chance de ganhar dinheiro, porque a Dilma não deixa”, brincou ele, com um bolo de notas nas mãos, custando a atender à demanda de clientes encalorados. No carrinho da colega Eliana Soares, antes de dar meio-dia já estava faltando cerveja. Restava apenas aquela do vidro verde. “Hoje estou feliz porque vendi bem. Votei na Dilma, mas estou começando a achar que joguei meu voto fora”, teorizou a ambulante.

“No início até gostava da Dilma, mas vejo que as pessoas que mais entendem das coisas estão contra ela. Está todo mundo falando”, comparou a catadora de latinhas Iara Magalhães, de 45 anos, que ajuntou um saco cheio de embalagens de alumínio. Pelos cálculos dela, conseguiriam faturar algo em torno de R$ 10 pelo trabalho extra, que complementa a renda de faxineira.

Ela contou ter tentado ganhar a Bolsa-Família para os dois filhos, mas foi barrada porque recebe pensão por morte do marido. “Vou te falar uma coisa. Eu votei na Dilma”, confessou baixinho o vendedor de picolés Ivaldo da Silva, de 39, que recebe R$ 77 do programa Bolsa-Família. “É mixaria, tem dia que não dá”, comenta.

Um dos produtos que mais fez sucesso entre os ambulantes nas ruas de BH nesse domingo foram as camisetas e faixas com frases contra o governo federal. O vendedor Maurício Vidal disse ter vendido mais de 1 mil camisas com os dizeres “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio”. Cada peça custava R$ 20. Outra que levou o mesmo número de blusas para vender foi Delta Barros Romano. Só que as dela eram pretas com a frase “Luto pelo Brasil – quero um país sem corruPTo”. (Colaborou Gustavo Werneck)


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