(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Governo Dilma tem agenda de desafios no Congresso à sombra da Lava-Jato

Reflexos da Lava-Jato no Congresso vão dificultar votações de temas cruciais para o Planalto


postado em 09/03/2015 06:00 / atualizado em 09/03/2015 07:23

Clique com o botão direito para abrir a imagem
Clique com o botão direito para abrir a imagem

Brasília – A análise do veto que corrigia a tabela do Imposto de Renda em 6,5% será o grande teste político do governo nesta primeira semana depois de conhecida a lista de deputados e senadores a serem investigados por suspeita de participação no esquema de pagamento de propinas com recursos da Petrobras. O Poder Executivo deseja manter o veto para mostrar ao mercado que o ajuste fiscal não corre riscos. De quebra, planeja demonstrar que, apesar de tudo, ainda tem controle sobre sua base no Parlamento. O problema é que, ao que tudo indica, os congressistas não estão com tanta vontade de se apresentar “controlados” pelo governo. “Acho difícil o veto ser mantido. O governo teve até a semana passada para fazer a reposição de 4,5%. Não o fez. Agora, ficou tarde”, avalia o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

O veto está na pauta desde a retomada dos trabalhos do Poder Legislativo em fevereiro. Ocorre que até aqui, num gesto de boa vontade para com o Planalto, o presidente do Senado, Renan Calheiros, agiu para que as sessões do Congresso fossem adiadas. Não por acaso, prolongaram-se as votações no Senado, o que terminou por tomar o tempo que seria dedicado à sessão conjunta das duas Casas. Agora, incluído na lista de envolvidos no esquema de corrupção, Renan soltou o freio de mão. Além dele, o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Eduardo Cunha, também deixou claro não querer paz. E o governo terá que agir por conta própria se quiser evitar a correção de 6,5% na tabela do IR e outros temas polêmicos.

Se a base tem dificuldades em manter o veto, imagine a oposição. “Não vamos votar contra o veto de forma aleatória ou apenas para impor uma derrota ao governo. Correção da tabela não é uma questão de escolha, como o governo quer impor em 3,5%, 4,5%. Os 6,5% representam a inflação e se essa correção ficar abaixo desse percentual, o governo vai avançar sobre a renda da sociedade e aumentar sutilmente a carga tributária. Não dá”, comentou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).A tendência de derrubada do veto exposta pelo líder do PMDB e que conta com o apoio do PSDB não é o único problema a atormentar a presidente Dilma, seus ministros e os fiéis escudeiros no Parlamento. Outro embate previsto para esta semana, a partir de terça-feira, é a política de valorização do salário mínimo, algo que os congressistas desejam estender aos aposentados, mas o governo não aceita. Para completar, ainda tem nesta quarta-feira a convocação do ministro da Educação, Cid Gomes. Ele foi chamado a explicar por que se referiu aos parlamentares como “300 a 400 achacadores”, algo que serviu para piorar ainda mais o clima entre Executivo e Legislativo.

Cid não irá em missão de paz. Pelo tom da entrevista de seu irmão, Ivo Gomes, ontem em Sobral (CE), o ministro citará pelo menos parte daqueles que considera “achacadores”. “Todo mundo sabe que o Congresso está infestado de picaretas”, afirmou Ivo, colocando mais lenha na fogueira da crise entre os congressistas e seu irmão.

Até aqui, nada do que foi feito pelo Poder Executivo ajudou a aliviar o clima de tensão, nem mesmo o pronunciamento de ontem à noite pelo Dia Internacional da Mulher (leia detalhes na página 3), no qual a presidente procurou explicar as medidas de ajuste da economia “que vão durar até quanto for necessário” e citou en passant o escândalo da Petrobras. A tendência é o clima aumentar, uma vez que, na visão de muitos aliados, no rio de lama da Lava-Jato, o governo tenta puxar o PT para a margem e deixar que a correnteza leve os aliados que apoiaram a reeleição, leia-se PMDB e PP.

Entre os peemedebistas cresce a tese de que o governo trabalhou para tirar alguns petistas da lista. Em meio aos tucanos, há quem suspeite que o procurador deixou o nome do senador Antonio Anastasia (PSDB) apenas para constranger o partido. O resultado é que tanto os tucanos quanto os peemedebistas querem agora investigar a fundo a participação do governo no esquema da Petrobras.

CLIMA TENSO O palco dos dois partidos nessa história será a CPI em curso na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Eduardo Cunha, planeja depor ainda esta semana para expor sua posição a respeito dos fatos. E nesse clima, não será surpresa se os congressistas de partidos aliados insistirem em chamar logo o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a prestar esclarecimentos. Diante de um Congresso ferido pela sucessão de inquéritos abertos para investigar a participação de parlamentares no esquema da Petrobras, a tendência é o governo levar a pior.

Ciente dos riscos, a presidente Dilma Rousseff tratou de convocar ontem os ministros do seu chamado conselho político para debater a lista de Janot e estratégias a serem adotadas para conter ataques da base. O encontro não teve a presença do vice-presidente Michel Temer (PMDB), com quem Dilma se reúne na manhã de hoje. Ainda no sábado, Temer recebeu ligação do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), incluído na relação dos que serão investigados no STF, dizendo que ele vai “subir o tom”, conforme o Estado de Minas mostrou na edição de ontem.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)