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Estado de Minas

Audiência com Costa e Cerveró é marcada por tensão e bate-boca

Sessão teve reclamação por causa de apelidos, acusações de 'chicana', microfones cortados, pedidos de 'sensibilidade' e de veto a perguntas


postado em 14/02/2015 00:12 / atualizado em 14/02/2015 08:36

Brasília – Advogados dos réus da Operação Lava-Jato, o procurador da força-tarefa da investigação Athayde Ribeiro Costa e o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, tiveram uma audiência tensa ontem. O objetivo era ouvir o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e outra testemunha na ação que acusa outro ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró, de receber propina na compra de sondas da Samsung. A sessão de cerca de duas horas teve bate-boca, reclamação por causa de apelidos, acusações de “chicana”, microfones cortados, pedidos de “sensibilidade” e de veto a perguntas. Costa e Cerveró assistiram a tudo juntos, na mesma sala com os outros réus, o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando “Baiano” Soares e o executivo Júlio Camargo.


Servidores da Justiça Federal classificaram a oitiva de ontem como uma das mais tensas das últimas duas semanas. Com a sessão de sexta-feira, terminaram os depoimentos consecutivos de acusação nas seis ações criminais contra executivos de empreiteiras e Cerveró. Todas as denúncias são derivadas da Operação Juízo Final, a sétima fase da Lava-Jato, deflagrada em 14 de novembro passado.


Segundo a denúncia, com ajuda de Youssef, Camargo pagou US$ 40 milhões em propinas a Cerveró e a Baiano em troca de fechar negócio de duas sondas da Samsung com a Petrobras – uma de US$ 586 milhões (US$ 1,2 bilhão em valores atuais). Os negócios ocorreram em 2006 e em 2007. Cerveró e Baiano negam ter recebido suborno. A Samsung não comenta o caso. Já Youssef e Camargo admitem envolvimento no caso, mas esperam que o acordo de colaboração premiada reduza ou elimine futuras punições.


No início da audiência, os advogados de Baiano, com apoio dos de Cerveró, queriam adiar o encontro. O primeiro motivo foi argumentar que Moro era suspeito para conduzir o caso, que deveria tramitar no Rio de Janeiro – alegação várias vezes derrubada por tribunais superiores. O segundo, porque os defensores queriam terminar de ler as delações premiadas de Youssef e de Costa, tornadas públicas na quinta-feira, mas cujo conteúdo não tinha sido usado na denúncia. Em mais de 20 minutos de discussão, Moro rejeitou o adiamento da sessão e disse que só analisaria os pedidos mais tarde, sem suspender o processo. O procurador Athayde disse que a defesa tentava uma “chicana”. “O argumento é inócuo. Estamos prezando pela razoável duração do processo”, afirmou Athayde. O advogado de Fernando Baiano, Davi de Azevedo, disse que ele “cuidasse” das palavras e usasse termos “mais sensíveis, mais elegantes”. As queixas só terminaram quando Moro cortou o microfone e iniciou o depoimento da testemunha.

Pasadena Na oitiva, Paulo Roberto Costa repetiu vários termos dos depoimentos em delação premiada prestados em setembro. Ele confirmou que recebeu US$ 1,5 milhão do lobista Fernando Baiano para “não atrapalhar” a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estado Unidos. No total, o operador lhe repassou US$ 4 milhões, incluindo um suborno referente a contrato da Andrade Gutierrez, negócio que ainda envolveu o PMDB. A construtora, mais uma vez, repudiou as acusações, dizendo que são “baseadas em ilações e não em fatos concretos”. O partido nega que tivesse qualquer relação com Baiano.


Costa voltou a mencionar que as propinas eram pagas em quatro diretorias: Abastecimento; Exploração e Produção; Gás e Energia; e também na Internacional. Algumas em conjunto com a Diretoria de Engenharia. Ele disse ainda que, “pelo que tem conhecimento”, Cerveró também recebia propina. Entretanto, em relação às sondas da Samsung, Paulo Roberto Costa informou que desconhecia o assunto porque era de outro setor. Chegou a dizer que as decisões eram colegiadas e que Cerveró não poderia ter absoluta influência sobre o negócio para convencer os demais diretores.


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