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Estado de Minas

Luiza Erundina: com apoio ao PSDB, PSB reforçou polarização


postado em 18/01/2015 10:19 / atualizado em 18/01/2015 10:51

São Paulo - Defensora frequente de uma reforma política que aproxime a política da sociedade, a deputada federal por São Paulo Luiza Erundina tem diversas críticas ao quadro brasileiro atual e aos partidos, inclusive o seu, o PSB. Para Erundina, a política está afastada do povo, "esgarçada" na velha polarização entre PT e PSDB e não se consegue ocupar com sucesso o espaço da terceira via. "O PSB não ocupou este espaço, desejaria que fosse uma terceira via de fato", disse.

A ex-prefeita de 78 anos, que está em seu quinto mandato como deputada, afirmou se sentir excluída em sua legenda e criticou as direções tomadas desde a morte de Eduardo Campos. "Desde que o partido decidiu apoiar um polo, acabou reforçando a disputa entre PT e PSDB e perdendo o discurso da terceira via", avaliou. Ela criticou também a decisão recente do PSB de se aliar com o Solidariedade, de Paulinho da Força, o PV e o PPS. "Fizeram esse bloco com partidos que não têm identidade ideológica nem histórica com o PSB. Não me diga que isso traz novidade. E pior: já se falando que é para pensar em 2016. Mal acabamos uma eleição e já estão pensando na outra. Pelo amor de Deus! É essa a política que a gente quer sinalizar para o povo, para a juventude se envolver com ela?", questiona.

Para ela, o PSB passa pelo mesmo problema que outras legendas, nas quais a crise de representatividade vem da política interna. "Tem dois ou três dirigindo o partido, que partido socialista é este?"

A formação do bloco com SDD, PV e PPS foi costurada pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, com articulação também do presidente estadual do partido em São Paulo, Márcio França, com quem Erundina já divergiu publicamente em mais de uma ocasião. A deputada também vê como um erro o partido focar apenas nas estruturas de poder tradicionais, tendo como centro da discussão a presidência da Câmara e a formação das lideranças no Congresso. "Veja a composição do governo que está aí, do Congresso. São estruturas que não representam mais o povo. Você acha que discutir a presidência da Câmara é um assunto de interesse do povo?"

Na sexta-feira, 16, Erundina participou da reunião de um novo projeto de partido, chamado provisoriamente de Avante. Baseado no ecossocialismo, o projeto envolve ex-aliados de Marina Silva (PSB), como o historiador Célio Turino. A deputada fez questão de esclarecer que a ida ao evento foi para discutir o sistema político brasileiro e que não pretende trocar de partido.

Ela afirmou, inclusive, que não acha que novos partidos trarão a renovação que o País precisa, mesmo os ideológicos, como esse grupo de Turino ou a Rede Sustentabilidade, de Marina. "Não estou saindo, não quero sair, quero que o partido tenha autocrítica, que reveja seus processos. Sei também que não sou dona da verdade, nem tenho a solução, mas quero esse debate que o PSB não está fazendo (de aproximar a população da política)."

Marta


Questionada sobre as declarações polêmicas da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que criticou duramente o PT, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, Erundina avaliou que o espaço dado ao assunto é um "sintoma claro da falta de interesse da sociedade por um debate mais consciente". Para ela, a atenção ao episódio mostra a falta de maturidade política no Brasil. "Para você ver o vazio em que caiu a discussão hoje. Devíamos estar discutindo a crise da inflação, do desemprego que está vindo aí e, em vez disso, temos o foco e atenção da mídia e formadores de opinião nessa história que é a questão de uma militante política, é um problema dela e do PT apenas."

Erundina disse não ter elementos para julgar a atitude de Marta, mas criticou o fato de a ex-ministra ter se pronunciado apenas agora sobre o que classificou de "desmandos" no Ministério da Cultura durante a gestão de seu antecessor, Juca Ferreira, que agora voltou ao comando da Pasta. E questionou se Marta teve preocupação política com quem deixou em seu lugar no Senado, o suplente Antônio Carlos Rodrigues (PR), que agora assumiu o Ministério dos Transportes.

"Ela queria provavelmente ter ficado no Ministério e não ficou. Agora já está na disputa para daqui a dois anos... Se tinha tanta coisa errada, por que não denunciou antes? Ela se preocupou com a pessoa que deixou como seu suplente, se ele tinha condições para ocupar sua vaga no Senado? É a mesma pessoa que agora assume a vaga no Ministério dos Transportes. Isso não vejo ser discutido."


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