Brasília – Passado o primeiro turno das eleições presidenciais e a consolidação das cidadelas eleitorais de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), os estrategistas e os exércitos de cada um dos oponentes definem como atacar as fortalezas adversárias no segundo turno. Com votação melhor no Sul e no Sudeste, o tucano quer garantir seu eleitorado nessas regiões e buscar o voto de Marina no Nordeste, assegurando que não vai acabar com os programas sociais. Já a petista quer melhorar ainda mais a votação no Nordeste.
A prioridade não significa que outros pontos do país serão deixados de lado, apenas que é fundamental concentrar as ações em locais com mais chances de êxito, uma vez que o segundo turno das eleições dura apenas três semanas. “No Nordeste, vamos nos concentrar em Pernambuco, na Bahia e no Ceará. Não esqueceremos, claro, de São Paulo e do Sul, além dos debates na televisão”, disse um dos generais da campanha dilmista.
Mas a avaliação corrente é bem menos otimista. O próprio PT não tem grandes esperança de conseguir muito mais votos em São Paulo do que os obtidos no primeiro turno. Os petistas mais cautelosos entendem que os votos dados a Marina e a outros candidatos tendem a ser destinados a Aécio. Por isso, o partido quer apenas manter o pouco que conseguiu no estado e lutar para ampliar a votação na Região Nordeste.
Os redutos dilmistas também parecem quase inexpugnáveis para os exércitos tucanos. “No Nordeste, é difícil (a oposição crescer). O povo, sobretudo no sertão, depende muito do governo. Mesmo assim, esperamos que Aécio tenha 35% dos votos no Ceará”, disse o senador eleito pelo estado, o tucano Tasso Jereissatti. Para o PSDB, seria um resultado muito melhor do que o obtido por José Serra no segundo turno em 2010 – 22,65%.
Aécio esteve ontem no Recife ao lado da viúva de Eduardo Campos (PSB). A imagem, simbólica, tenta alavancar a candidatura do PSDB no estado, aproveitando a comoção que levou os pernambucanos a elegerem, em primeiro turno, Paulo Câmara (PSB) para o Palácio das Princesas. “Aécio terá pelo menos 70% dos votos que foram destinados a Marina no estado”, aposta o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
Renata, inclusive, na opinião de lideranças tucanas, poderia acompanhar Aécio em agendas em outros estados da região, já que é forte a tendência de que, mesmo apoiando o tucano, Marina Silva não suba nos palanques ao longo deste segundo turno. Para atrair mais a atenção do eleitorado nordestino, Aécio também espera contar com a presença na campanha de pessoas famosas, com grande apelo popular, como o cantor Zezé di Camargo e o ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno.
Aecista de primeira linha, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) disse que o esforço será para mostrar que “esse Brasil que aparece na propaganda de tevê do PT não existe. O trecho cearense da ferrovia transnordestina não teve um metro de trilho implantado neste governo”, disse Danilo.

Ele reconhece, contudo, que cabe a Dilma mostrar que não é leniente com a inflação, e a Aécio, que um governo tucano não vai extinguir os programas e ações destinados aos mais pobres. E acrescenta que, nesse ponto de vista, o candidato tucano leva um pouco mais de vantagem. “Aécio não pode ser acusado de desequilíbrio nas contas públicas, pois enfrenta uma candidata à reeleição. Por outro lado, esse eleitorado dependente dos programas sociais não pode ser rotulado como petista. Ele é governista, no sentido de que tenderá a apoiar os governantes que mantiverem as ações voltadas aos mais necessitados”, disse o professor da Ebape.