Brasília – A presidente Dilma Rousseff (PT) voltou a falar nessa segunda-feira da saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a partir de 2015, caso ela venha a ser reeleita. “Eu vi que, depois que eu falei sobre a nova equipe, fizeram várias ilações sobre o Guido Mantega. Ele comunicou que não tem como ficar no governo no segundo mandato por questões pessoais. "Eu peço para que vocês respeitem isso”, afirmou ontem.
Na quarta-feira passada (3), Dilma disse que mudaria a equipe em um segundo mandato. No dia seguinte, ao ser questionada especificamente sobre Mantega, repetiu a frase, deixando claro que se referia ao ministro. Ele sentiu-se desconfortável com as afirmações da presidente e passou a entrar pela garagem do Ministério da Fazenda, evitando encontrar jornalistas na portaria. No domingo, após o desfile de 7 de Setembro, a chefe do Executivo tentou desfazer o mal-estar convidando o ministro para almoçar no Palácio da Alvorada.
Em entrevista ontem ao jornal O Estado de S.Paulo, Dilma negou-se a dizer quem ocupará o cargo, mas as apostas convergem para os economistas Nelson Barbosa e Otaviano Canuto. “Não vou nunca dizer quem vai ser ministro no meu segundo mandato. Quero te dizer que eu acredito piamente que o Brasil vai entrar em uma nova fase. Não estamos mais naquele momento em que tínhamos que segurar o país com as duas mãos, se não desempregávamos”, afirmou a presidente.
Mantega, que não comentou nessa segunda-feira as afirmações da presidente, já havia comunicado a Dilma há meses que não ficaria em um eventual segundo mandato. A esposa do ministro teve câncer e ainda inspira cuidados. Ele está na Fazenda há nove anos, desde o fim do governo Lula, tendo se tornado o que mais tempo ocupou o cargo na história. Antes, foi ministro do Planejamento e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em janeiro, ele completará 12 anos de governo. Embora a saída já fosse esperada, houve desconforto pelo tom usado por Dilma na semana passada. No mercado, Mantega virou motivo de brincadeiras. Passou a ser conhecido como “ex-ministro em exercício”.
Tombini fica no BC
Na corrida pela vaga a ser deixada por Guido Mantega num eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o atual presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, era quem mais ganhava pontos com Dilma, mas o nome dele perdeu força nas últimas semanas, justamente quando dois economistas que já foram cogitados para o cargo passaram a subir na preferência com a presidente: o ex-secretário da Fazenda Nelson Barbosa e o economista do Banco Mundial Otaviano Canuto. Tombini, por sua vez, continuaria à frente do BC, onde, para Dilma, “ele mostrou já mostrou ter feito um bom trabalho”, conforme asseguraram fontes do Palácio do Planalto.