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Estado de Minas

Investigado por envolvimento com doleiro, André Vargas ameaça: 'a casa vai cair para alguns'

Ex-vice-presidente da Câmara desiste de licença de 60 dias e enfrenta acusações de envolvimento na operação Lava a Jato


postado em 13/04/2014 07:00 / atualizado em 13/04/2014 07:24

(foto: Jose Cruz/Agencia Brasil )
(foto: Jose Cruz/Agencia Brasil )
Brasília – Alvo de disparos de aliados e de opositores nos últimos dias, devido às relações suspeitas com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava a Jato, da Polícia Federal, o deputado André Vargas (PT-PR) não sairá da linha de tiro e decidiu nova estratégia: partir para o ataque. Na sexta-feira, ele desistiu da licença de 60 dias do mandato, apesar de ter renunciado ao cargo de vice-presidente da Câmara, e avisou que voltará ao Congresso depois da Semana Santa. Pelas redes sociais, o petista afirmou que "se defenderá de cabeça erguida". Em conversa com um blog paranaense, do qual é colunista, reafirmou a disposição para prestar esclarecimentos e deixou no ar uma ameaça: "Vou provar a minha inocência. A verdade prevalecerá. Ainda não tive o direito à defesa, mas, adianto, vou exercê-lo na plenitude. A casa vai cair para alguns", prometeu, sem dizer que "alguns" são esses.

Vargas é um dos petistas mais influentes no Paraná e trabalhou intensamente para eleger Gleisi Hoffmann (PT-PR) para o Senado, em 2010. O PT paranaense já tinha decidido, há pouco mais de um mês – antes de estourar a crise envolvendo o deputado –, que parlamentares com mandato e postulantes à reeleição não participariam da coordenação de campanha de Gleisi ao governo estadual. A decisão, agora, se mostra mais do que sensata. Tanto ela quanto o marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sabem que o tema será explorado pelo atual governador, o tucano Beto Richa, candidato à reeleição. "Uma situação como essa nunca é boa", ponderou Gleisi.

"Ele (André Vargas) sempre foi trabalhador, mas também sempre foi briguento. Conseguiu muito dinheiro para as prefeituras do interior do Paraná. Deve ter apoiado mais ou menos 100 prefeituras", disse o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). O tucano, contudo, não sabe dizer se o apoio financeiro decorre de possíveis ligações com o doleiro Alberto Youssef. Segundo Hauly, a atuação do doleiro na política paranaense remonta a 1996, quando ele teria ajudado a eleger prefeito de Londrina Antonio Belinati, então no PDT, mesmo partido do governador Jaime Lerner à época. De lá para cá, o prestígio de Youssef na política local aumentou.

Quatro anos depois dessa suposta atuação de Alberto   Yousseff nos bastidores da política paranaense, Vargas era eleito, pela primeira vez, vereador na mesma Londrina do doleiro. Em 2002, foi eleito deputado estadual. No ano seguinte, o Congresso criou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado para investigar as denúncias de evasão de divisas para paraísos fiscais entre 1996 e 2002 por meio de contas do Banco do Estado do Paraná (Banestado). Na época, Youssef foi citado e acabou acertando um esquema de delação premiada para aprimorar as investigações.

A CPMI foi relatada pelo deputado José Mentor (PT-SP). Mentor foi extremanente criticado, sendo acusado pelos oposicionistas de ter criado uma lista fictícia de indiciados para achacar suspeitos de envolvimento com o esquema. Ele também foi autor de um projeto concedendo anistia a todas as pessoas que enviaram ilegalmente recursos para o exterior. Mentor hoje integra o grupo que dá apoio político a Vargas – eleito deputado federal pela primeira vez em 2006 – dentro do PT. Na quarta-feira passada, dia em que o Conselho de Ética abriu o processo contra Vargas por quebra de decoro parlamentar, Mentor e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), mesmo não fazendo parte do colegiado, fizeram questão de presenciar o desenrolar dos debates.

Preocupação Pelos corredores do Congresso, também há quem garanta que um dos possíveis alvos de preocupação com os desdobramentos da Operação Lava a Jato poderia ser o ex-ministro e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo Alexandre Padilha. Vargas tentou fechar um contrato de R$ 150 milhões de um laboratório chamado Labogen com a pasta. Segundo investigações da PF, a Labogen pertence ao doleiro Alberto Youssef. Em gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, Vargas e Youssef viam no negócio uma "independência financeira".

Na última sexta-feira, durante ato da pré-campanha ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Padilha negou qualquer preocupação com o assunto. Segundo ele, o contrato da Labogen com o ministério nunca foi fechado. Petistas confirmam que o caso ainda poderá trazer dor de cabeça para o ex-ministro e que Vargas, por meio de interlocutores, estaria deixando isso claro na memória de integrantes do partido.


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