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Estado de Minas

Conheça a história do "padre comunista que executou" Leonel Brizola

"Fui vestido de padre e ia executá-lo com uma pistola .45, pois era a arma preferida dos cubanos", recorda o ex-delegado do Departamento de Ordem Político Social (DOPS) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra


postado em 27/03/2014 00:12 / atualizado em 27/03/2014 07:19

Leonel Brizola (1922-2004) voltou do exílio no dia 6 de setembro de 1979. Desceu em Foz do Iguaçu, no Paraná, e na manhã seguinte foi para São Borja, no Rio Grande do Sul, onde visitou os túmulos do seu padrinho de casamento, o ex-presidente Getúlio Vargas, e de seu cunhado, o também ex-presidente João Goulart. Quando Brizola chegou a Porto Alegre, dias depois, viu um impresso soturno: o convite para seu próprio enterro. Em 1983, Brizola assumiria o governo do Rio de Janeiro pela primeira vez, sem saber que seu futuro por muito pouco não foi interrompido no início dos anos 80.

"Eu recebi a ordem do coronel Freddie Perdigão de executá-lo quando ele saísse do apartamento em que morava, em Copacabana", afirma o ex-delegado do Departamento de Ordem Político Social (DOPS) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra. O plano, segundo Guerra, deveria implicar a Igreja Católica e os cubanos. A "tese de cobertura", nas palavras dele, era sustentar o assassinato com o argumento de que Brizola havia se apossado de dinheiro enviado por Cuba para fomentar a guerrilha no Brasil e comprado fazendas e gado no Uruguai.

Existe uma lenda entre a esquerda, que era alimentada pelas forças repressivas, de que Brizola havia ficado com parte do dinheiro que Cuba enviou para as guerrilhas. Porém, após a derrota da Guerrilha do Caparaó, em 1967, Brizola abandonou a estratégia dos focos guerrilheiros. Atribuem ao ex-presidente cubano, Fidel Castro, o apelido de "El Ratón" dado ao político gaúcho. Porém, o desvio nunca foi comprovado e Brizola sempre negou a acusação.

"Fui vestido de padre e ia executá-lo com uma pistola .45, pois era a arma preferida dos cubanos", recorda Guerra, que contou essa história pela primeira vez em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no livro Memórias de uma guerra suja (Topbooks, 2012). Guerra lembra que chegou à portaria do prédio em que Brizola morava e ficou conversando com o porteiro. Esperou por 15 minutos, mas como Brizola não desceu e nem saiu da garagem de carro, ele ligou para o coronel Perdigão, cujo codinome era Doutor Flávio, e que foi um dos mais cruéis torturadores do regime militar. "Ele mandou abortar e ir embora", recorda Guerra.

O ex-delegado, que, depois de ser preso acusado de vários crimes, se converteu e hoje prega em uma igreja evangélica, disse que houve um acordo e o plano falhou. "Se ele (Brizola) fosse assassinado causaria uma revolta muito grande. A sociedade civil ficaria revoltada com a esquerda. Tudo que era feito tinha o objetivo de desastabilizar o país para não ter a abertura", afirma Guerra.


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