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Estado de Minas

Apontado assassino de Rubens Paiva

Comissão da Verdade afirma que o então tenente Hughes matou o ex-deputado, desaparecido desde 1971, em carceragem do DOI


postado em 28/02/2014 00:12 / atualizado em 28/02/2014 07:56

Rio de Janeiro – A Comissão Nacional da Verdade (CNV) afirmou ontem que o assassino do ex-deputado Rubens Paiva foi o então tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho. Em depoimento à comissão nesta semana no Rio de Janeiro, o coronel da reserva Armando Avólio Filho, ex-integrante do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército (PIC-PE), revelou ter visto, por uma porta entreaberta, em janeiro de 1971, Hughes de Carvalho pulando sobre o corpo do preso político. A cena aconteceu na carceragem do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-I), na Tijuca, Zona Norte do Rio.

Tempos depois, ao tomar conhecimento do desaparecimento de Paiva, Avólio associou-o à vítima torturada por Hughes, pois as características físicas seriam semelhantes – homem descrito como branco e gordo. Durante entrevista coletiva, por um compromisso assumido com o depoente, a comissão não revelou a sua identidade, citando-o apenas como “agente Y”. É a primeira vez em que um militar ligado à repressão aponta um colega envolvido na provável morte de Paiva.

Hughes, já falecido, era um oficial egresso do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Foi descrito no depoimento de Avólio como um “militar loiro”. Documentos obtidos no banco de dados digital do projeto Brasil Nunca Mais confirmam que Hughes participava de ações da repressão contra a esquerda armada atuando em parceria com militares do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa). Por causa desse envolvimento, ele ganhou em 1971 a Medalha do Pacificador, distinção dada a militares posteriormente acusados de tortura.

Paiva foi preso em casa, no Leblon, Zona Sul do Rio, em 20 de janeiro de 1971, por uma equipe do Cisa, e desde então é considerado desaparecido. A data, segundo o depoimento, coincide com a cena do espancamento. Avólio, que também era tenente, disse que, logo após testemunhá-la, chamou seu chefe imediato, o então major Ronald José Baptista de Leão, e levou o caso ao comandante do Destacamento de Operações de Informações (DOI), o também major José Antônio Nogueira Belham, e ao comandante da Polícia do Exército, coronel Ney Fernandes Antunes. Em carta à CNV, Leão confirmou o episódio. No início deste ano, ele faleceu.

O depoimento de Avólio foi tomado, no ano passado, pelo ex-procurador geral da República Cláudio Fontelles, então membro da comissão. Na época, Paiva era acusado de manter correspondência com exilados políticos. A mulher dele, Eunice, e a filha, Eliana, de 15 anos, também foram presas. A jovem foi libertada no dia seguinte, mas Eunice ficou 15 dias na cadeia.


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