Brasília – A oposição montou uma ofensiva em diversas frentes para tentar furar o bloqueio do governo e avançar nas denúncias feitas pelo publicitário Marcos Valério ao Ministério Público Federal. O PSDB e o DEM assinaram um pedido conjunto solicitando à Procuradoria-Geral da República a íntegra do depoimento em que Valério afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve despesas pessoais pagas pelo esquema do mensalão e que deu o aval para os empréstimos fraudulentos do BMG e do Banco Rural ao PT em 2003. “Se eu fosse o PT e o governo, terminaria o ano de luto”, declarou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República.
Aécio ironizou as denúncias feitas por Valério em depoimento ao Ministério Público Federal. "É incrível que a capacidade que o PT tem de promover agenda negativa seja maior do que a capacidade que a gente (oposição) tem de enfrentá-las", disse o senador. "Está difícil até para a gente acompanhar. Estávamos nos articulando diante das denúncias da semana passada (Operação Porto Seguro) e agora mais essas denúncias", acrescentou.
Para Aécio, cabe ao Ministério Público analisar se os relatos feitos por Valério em depoimento secreto são suficientes para a abertura de um inquérito para investigar a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão. "Confio na serenidade, mas também na firmeza e na independência do procurador-geral da República", afirmou. "O Marcos Valério assusta, e assusta muito grande parte do Partido dos Trabalhadores”.
Dificuldades
Os próprios parlamentares, contudo, reconhecem que a tarefa de trazer o empresário ao Congresso é complexa. A base aliada, maioria esmagadora nas duas Casas, tem condições de derrubar todos os requerimentos. Essa blindagem já vem sendo executada desde que estourou ao Operação Porto Seguro, para evitar a presença da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha.
Os requerimentos de convocação da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil); do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams; e da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha foram pautados para votação hoje, em reunião da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, marcada para as 11h. “Nossa obrigação é fazer barulho e constranger o governo. Não podemos ficar parados”, defendeu Aécio.