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Estado de Minas CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU

Na cidade do presidente do Supremo, prefeito enfrenta três CPIs


postado em 02/12/2012 00:12 / atualizado em 02/12/2012 07:48



Carrasco dos réus no processo do mensalão, o relator da ação e atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, vai torcer o nariz caso tenha um tempo para voltar as atenções à sua cidade natal, Paracatu, município do Noroeste de Minas, a 500 quilômetros de Belo Horizonte. Em oito anos de governo, o prefeito Vasco Praça Filho (PMDB), além de receber R$ 18 mil de salário – quase o mesmo da presidente da República –, enfrenta duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) na Câmara Municipal, com relatório final que o acusa de improbidade administrativa em uma terceira investigação dos parlamentares.

Na CPI já concluída, que teve foco na área de saúde, Vasco aparece como o responsável pela realização de uma parceria público-privada com a Faculdade Atenas que previa a utilização do hospital da cidade e de postos de saúde por alunos do curso de medicina da instituição sem contrapartida, mesmo financeira, à prefeitura. As investigações jogaram luz ainda ao pagamento feito aos médicos do sistema público de saúde, que estariam recebendo salários muito elevados. Vasco também foi denunciado ao Ministério Público Estadual, há cerca de um ano.

Em fim de mandato, Vasco não conseguiu fazer o sucessor. O vencedor na cidade foi Olavo Condé (PSDB). O vereador Glewton de Sá, do mesmo partido do atual prefeito, afirma que foi feito “muito sensacionalismo” em torno da CPI da Saúde. “Tanto é verdade que a denúncia está parada no Ministério Público até hoje”, alegou. Procurada pela reportagem, a promotoria se recusou a falar sobre o andamento das investigações.

As outras duas CPIs em andamento na Câmara contra o prefeito têm relação com a aplicação de recursos públicos na área da educação. Em uma das investigações há a suspeita de que ingredientes da merenda escolar nas escolas públicas da cidade estariam sendo utilizados na produção de alimentos, como salgados, e vendidos aos alunos. Na outra, a prefeitura estaria pagando o dobro da quilometragem realmente percorrida a donos de ônibus que transportam estudantes. A reportagem não conseguiu contato com o prefeito. A assessoria do governo informou que somente Vasco poderia falar sobre as CPIs. Recados foram deixados nos dois celulares do peemedebista, que, no entanto, não retornou as ligações.

Carnaval Com família ainda vivendo em Paracatu, município de aproximadamente 90 mil habitantes, Barbosa vai pouco à cidade, apesar da proximidade com Brasília (230 quilômetros). “Me lembro de uma das últimas vezes em que o ministro esteve aqui. Foi para um grito de carnaval”, conta a secretária municipal de Cultura, Marina Cunha. Um dos mais antigos comerciantes da cidade, Antonio Olar da Silva Campos, o seu Dedé, de 80 anos, dono de uma farmácia na cidade desde 1946, diz que Barbosa é “muito humilde e pessoa correta”. Mesma avaliação tem o monsenhor João César Teixeira de Melo, da Catedral de Santo Antônio, primo em segundo grau do ministro. “Estive na posse dele como presidente do STF”, conta.

Todos consideram a política em Paracatu extremamente tranquila. “Às vezes fica mais agitado durante as eleições”, diz Andrea Pimentel Álvares Campos, superintendente regional de ensino em Paracatu. Por outro lado, quem não está nada satisfeito são os servidores municipais da cidade.

Principalmente os que ganham o salário mínimo, hoje em R$ 622. Com os mesmos R$ 18 mil retirados dos cofres públicos para o contracheque do prefeito, é possível pagar 28 servidores públicos da prefeitura que ganham o piso nacional. O salário do prefeito é R$ 1,8 mil inferior ao da presidente Dilma, que recebe R$ 19,8 mil. “Este ano fizemos outra greve para melhorar o salários dos trabalhadores e as condições de trabalho”, lembra Benedito do Carmo Batista, diretor do Sindicato dos Servidores de Paracatu (Sindispar). Conforme dados da entidade, cerca de 1.100 dos 2.600 funcionários da prefeitura recebem salário mínimo.


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