Na SIP, Alckmin destaca 'Brasil diferente'

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) condenou nesta segunda visões populistas com viés autoritário em alguns países da América Latina, que, segundo ele, podem ser prejudiciais não só à liberdade de imprensa, mas à liberdade de expressão em geral. O governador fez esta afirmação durante discurso na abertura do quarto dia da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que acontece em São Paulo.

É a terceira vez que o Brasil sedia o evento. A primeira foi em 1972 e a segunda vez, em 1981. Alckmin lembrou que desta vez a Assembleia da SIP encontra um Brasil diferente - com a economia crescendo e com liberdade de imprensa - do que encontrou em 1981 quando o País estava começando seu processo de abertura democrática, mas a economia não crescia.

Perguntado se quando mencionou o conceito de visão populista com viés autoritário estaria fazendo alusão ao Conselho Nacional de Comunicação, defendido por algumas organizações de esquerda, Alckmin disse que não. "Eu vejo que há abusos às vezes por parte de órgãos de imprensa, e eles podem ocorrer. O caminho não é restringir a liberdade de imprensa, mas dar mais liberdade de imprensa. Se tiver abusos, deve ter sempre o Poder Judiciário para fazer a devida reparação. Mas acho que a liberdade de expressão, que é até mais que a liberdade de imprensa, não é uma dádiva do Estado. Portanto, ela não pode ser suprimida pelo Estado", disse o governador.

Para Alckmin, o Brasil vive, diferentemente de outros países da América Latina, uma situação melhor no que diz respeito aos direitos de liberdade de imprensa. "Mas acho que nós temos que permanentemente fortalecer a liberdade de imprensa porque nós só damos o valor devido no dia em que a perdemos", disse o governador. "Victor Hugo foi muito feliz quando disse que o diâmetro da civilização é o diâmetro da liberdade de imprensa. É o diâmetro civilizatório, e nós queremos um grande diâmetro civilizatório. Nada como a luz do sol para esclarecer, para debater. Uma boa imprensa é a sociedade conversando consigo própria."

O prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, salientou que felizmente a democracia no Brasil está consolidada e a liberdade de imprensa não está ameaçada, diferentemente de outros países do mundo. "Porém, a manutenção da liberdade precisa de uma permanente vigilância de todos nós, cidadãos brasileiros. Não vamos aqui menosprezar tentativas que possam vir a acontecer, mas como cidadão brasileiro estou muito tranquilo em relação às nossas instituições e em relação às nossas liberdades", disse o prefeito.