Depois de ter a sua principal prova contra José Dirceu questionada pelos advogados, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, entregou, na última quinta-feira, um novo memorial aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo a validade de depoimentos como prova do suposto envolvimento do ex-ministro com o esquema do mensalão e reafirmando as acusações.
A iniciativa de Gurgel de apresentar um novo documento após a acusação e as sustentações orais das defesas provocou reações entre os advogados. Eles argumentam que, conforme as regras dos processos penais, as defesas têm o direito de falar por último antes dos votos dos ministros.
Mas integrantes do STF consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que a prática é comum e que os próprios advogados dos réus também podem apresentar memoriais a qualquer momento. Esses documentos não podem trazer fatos novos, mas apenas reafirmar o que já foi sustentado ao longo do processo.
Gurgel fez a sua acusação no início do mês, logo após a leitura do relatório do ministro Joaquim Barbosa. Depois dele, os advogados dos 38 réus da ação do mensalão tiveram a oportunidade de falar por até uma hora para defender seus clientes. Após as sustentações orais, Joaquim Barbosa iniciou a leitura de seu voto na última quinta-feira.
A falta de um ato de ofício provando que Dirceu participou do esquema do mensalão é a principal arma da defesa do ex-ministro. Não existe nenhuma assinatura ou gravação comprovando que ele participou das negociações com parlamentares para aprovação de projetos de interesse do governo.
Publicidade
Gurgel entrega ao STF novos documentos contra José Dirceu
Publicidade
