O governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, deflagrou uma operação para preparar o terreno do seu depoimento à CPI do Cachoeira, marcado para a próxima terça-feira. Perillo tem agido em duas frentes: uma fora do partido, na mira dos parlamentares da comissão; e outra dentro do seu partido, o PSDB que tem tentado defendê-lo publicamente. Perillo quer evitar constrangimentos na comissão e, nas palavras de um correligionário, tentar "virar a página" das acusações de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O primeiro movimento foi feito pelo suplente de Perillo, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), nesta quarta pela manhã durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Falando em nome do governador, Miranda disse ao senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) que Perillo gostaria de conversar com ele antes de ir à CPI. O governador, disse o suplente, queria apresentar sua defesa possivelmente no domingo ou na segunda-feira, véspera do depoimento.
A situação política do governador piorou na terça-feira após o empresário Walter Paulo Santiago ter dito que comprara em julho de 2011 uma casa do governador, avaliada em R$ 1,4 milhão, em dinheiro vivo. Foi nessa casa que Cachoeira foi preso pela Polícia Federal, em 29 de fevereiro. Perillo sustenta a versão de que recebeu três cheques pela venda do imóvel, repassados pelo ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), que intermediou a negociação. Segundo a PF, os cheques foram emitidos em nome de Leonardo de Almeida Ramos, sobrinho do contraventor.
Perillo também terá de responder na comissão sobre a acusação feita pelo jornalista Luiz Carlos Bordoni de que uma empresa do esquema de Cachoeira saldou uma dívida de campanha de 2010. O governador nega. Essas revelações aumentaram a pressão para quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico de Perillo, cujo pedido, diante de protestos da bancada do PSDB, foi abortado no final do mês passado na CPI.