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Estado de Minas

Carlinhos Cachoeira comprou imóveis para apagar rastros

Nos últimos sete anos, segundo a PF, o bicheiro aumentou seu patrimônio imobiliário em 2.433%. Ele usava os bens como moeda de troca em negociatas


postado em 29/05/2012 06:00 / atualizado em 29/05/2012 07:10


Brasília – Relatório da Polícia Federal analisado pela comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista que investiga a rede de contravenção montada por Carlinhos Cachoeira identificou que o bicheiro ampliou seu patrimônio imobiliário em 2.433% desde 2005. A partir do cruzamento de transações de compra e alienação de imóveis com os diálogos gravados com autorização judicial, a polícia identificou 152 imóveis registrados em nome do contraventor e de laranjas. Até 2004, Cachoeira tinha quatro apartamentos, uma fazenda e uma casa vinculados a parentes e procuradores constituídos.

O montante dos bens imobiliários chega a R$ 19,2 milhões – o que corresponde à média de R$ 126,4 mil por imóvel. Os preços registrados estão muito abaixo do valor de mercado dos apartamentos, fazendas, flats e terrenos, a maioria situados em zonas valorizadas de Anápolis (GO), Caldas Novas (GO), Goiânia, Palmas e Brasília. Na lista também há um apartamento em frente à praia da Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro. Relatório de análise policial mostra que a rede do contraventor tem 44 imóveis em Goiânia, 40 em Anápolis, 35 em Caldas Novas, dois no Distrito Federal e outros 31 no estado de Tocantins, distribuídos em pelo menos cinco cidades, entre elas Palmas, Araguaína e o município de Talismã.

Os preços reduzidos registrados em documentos de compra e venda dos imóveis e conversas do contraventor com comparsas interceptadas durante a investigação da Operação Monte Carlo fizeram a polícia suspeitar de que Cachoeira utilizava o patrimônio imobiliário como moeda de troca em suas negociatas para fugir dos rastros deixados em transferências e saques bancários.

O rastreamento das transações comerciais envolvendo os imóveis revelam também que, em um período curto de tempo, Cachoeira e seus comparsas se desfaziam e adquiriam propriedades por meio de valores simbólicos, muitas vezes repetidos. Há registros da compra de duas fazendas por R$ 13,5 mil cada uma. Em fevereiro de 2008, por exemplo, oito terrenos registrados no nome de Adriano Aprígio – ex-cunhado do contraventor e identificado nas investigações como o maior laranja de Cachoeira no grupo – adquiriu oito terrenos em um empreendimento residencial em Caldas Novas (GO), por R$ 10 mil cada um. Por meio de outro laranja, Reginaldo Célio de Almeida Ramos, irmão do bicheiro, Cachoeira comprou seis imóveis no Bairro Goiânia II, na capital de Goiás, todos pelo mesmo preço: R$ R$ 33,09 mil.

No residencial de luxo Alphaville Flamboyant, também em Goiânia, no qual os imóveis alcançam a cifra dos R$ 2,5 milhões, Cachoeira tem sete apartamentos. Os preços dos contratos de aquisição e alienação dos imóveis, no entanto, variam de R$ 80 mil a R$ 250 mil. É nesse condomínio que o contraventor foi preso em fevereiro, em uma casa que pertencia ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A CPI criada para investigar a rede de influência do bicheiro apura se o governador vendeu o apartamento a Cachoeira.

Na capital federal, o contraventor mantinha um flat no edifício Tryp Convention, no Setor Hoteleiro Sul, e emprestava o imóvel para amigos, de acordo com escutas realizadas pela Polícia Federal.

Excalibur

O quartel-general do contraventor, de acordo com as investigações, ficava no luxuoso Edifício Excalibur, em Goiânia. Era no prédio residencial de 16 andares que ocorria grande parte dos encontros de Cachoeira com seus comparsas do mundo político. O Excalibur é conhecido na capital de Goiás por abrigar artistas de renome nacional e as famílias mais ricas da cidade. Um apartamento pode custar até R$ 4,5 milhões. Em um dos diálogos de Cachoeira interceptados pela PF, o bicheiro comemora o leilão de um imóvel do prédio, que começaria com lance de R$ 2,7 milhões.


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