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Estado de Minas

Investimento para frear o tsunami

Dilma Rousseff cobra estímulo à produção mundial e volta a criticar a emissão de moeda no combate à crise financeira


postado em 11/04/2012 06:00 / atualizado em 11/04/2012 07:11

Boston e Cambridge - A presidente Dilma Rousseff, em seu terceiro dia de visita aos Estados Unidos, cobrou a retomada dos investimentos produtivos como antídoto para barrar a crise econômica mundial e ampliar a oferta de empregos no mundo. Na avaliação da líder brasileira, não há outro caminho para a economia global recuperar o fôlego e superar os estragos provocados pelo tsunami monetário que tem provocado a valorização das moedas de países emergentes, especialmente o real. "Nós sabemos que somos afetados pela crise financeira do mundo. Mas temos condições de enfrentá-la. Vivemos um momento de muita preocupação", afirmou ela em discurso para 700 acadêmicos e estudantes do John F. Kennedy Forum, da Universidade Harvard, uma das mais prestigiadas no planeta.

A governante brasileira aproveitou a plateia e repetiu a crítica ao que ela chama de tsunami monetário provocado pelas economias desenvolvidas - uma injeção de mais de US$ 9 trilhões na economia global. "As ações dos bancos centrais melhoraram muito a situação (das economias dos países ricos, que começam a sair da recessão). Mas nós sabemos que persistem várias ameaças", afirmou Dilma, reconhecendo que as medidas de estímulo à atividade evitaram uma crise aguda de liquidez. Alertou, porém, que as políticas expansionistas (emissões de moedas) sem a contrapartida de investimentos afetam, sobretudo, os países emergentes.

Como foi presa política e a primeira chefe do Executivo brasileiro - destacada como social-democrata pela presidente de Harvard, Drew Faust, primeira mulher a comandar a instituição fundada há 375 anos -, Dilma também procurou enfatizar que a democracia ajudou o Brasil a conquistar a posição atual no mundo. "O país hoje tem um grande mérito, é uma grande democracia. É muito melhor as muitas vozes contrárias do que o silêncio das ditaduras", frisou. Durante as perguntas feitas por alunos da instituição, ela comentou que a geração dela sonhava em ser bailarina ou bombeira e nunca presidente da República. "Hoje, vocês podem ser presidentes até de Harvard", disse, em tom mais descontraído.

Nesse contexto, a presidente ressaltou a importância dos Estados Unidos num mundo "multipolar". Lembrou que o país é uma economia flexível, sempre capaz de liderar as crises. "Acredito que temos uma especial relação (com os EUA) porque somos democracias jovens, multilaterais e com várias características culturais e comportamentais semelhantes. Tenho certeza de que essa parceria com os EUA para o século 21 nos interessa."

Para Dilma, num quadro de cooperação bilateral, a educação é fundamental, assim como a estratégia de investir em inovação. "Temos que dar importância a patentes. E o Brasil precisa ampliar a oportunidade de acesso aos mercados e melhorar a qualidade da educação desde a creche", afirmou. Em relação às bolsas de estudo prometidas pelo governo, os imigrantes brasileiros nos EUA ficaram frustrados quando ela falou que eles não serão contemplados com os programas.

Encontro esvaziado A agenda internacional de Dilma segue agitada. Nos dias 14 e 15, ela participa, em Cartagena, na Colômbia, da Cúpula das Américas, onde a ausência de Cuba será um dos temas de discussões. Ela cobrou dos Estados Unidos uma mudança no posicionamento relativo ao país comandado por Raúl Castro, especialmente no veto à participação do país caribenho na cúpula. Dilma chegou a afirmar que o encontro do próximo fim de semana será o último sem a presença da ilha.

O tema foi recorrente durante o jantar que a presidente teve com pensadores norte-americanos na casa do embaixador do Brasil em Washington, na noite de segunda-feira. "Ela conversou sobre vários assuntos e voltou a falar de Cuba. E a conversa foi de altíssimo nível. Acho que foi o ápice da visita de Dilma", contou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Entre os debatedores estavam Thomas Friedman, Condoleezza Rice e Madeleine Albright.


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