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Estado de Minas

Substituição de prefeitos cassados em Minas atrasa recebimento de verba federal

Só em Minas, foram 40 administradores cassados


postado em 05/03/2012 07:16 / atualizado em 05/03/2012 07:18

De problemas básicos, como a falta de pavimentação de ruas e reformas incompletas de praças, até projetos mais complexos, como as intervenções do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e regularização de terras produtivas, são os habitantes das cidades que passaram por trocas de prefeitos os que mais sentem na pele as consequências das substituições imprevistas. Em Minas, segundo estado com maior número de prefeitos que perderam o mandato desde 2009 – foram 40 casos registrados pelo TRE-MG, atrás apenas do Piauí, que teve 50 cassações –, as mudanças no comando das prefeituras refletem até hoje em atrasos e prejuízos para a população. Os que assumem o comando para cumprir o resto do mandato apontam como maiores desafios a falta de planejamento e a dificuldade de remanejar os recursos programados no orçamento.

Em Mariana, Região Central do estado, até a obra do novo prédio da prefeitura foi embargada e está paralisada há mais de quatro anos (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Em Mariana, Região Central do estado, até a obra do novo prédio da prefeitura foi embargada e está paralisada há mais de quatro anos (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
O caso mais recente de troca-troca no Executivo municipal aconteceu na semana passada em Mariana, na Região Central, onde Terezinha Ramos (PTB) – que já estava no cargo por causa da cassação de Roque Camelo (PSDB) – perdeu o mandato e deixou a vaga para seu vice. A nova mudança gerou dor de cabeça para os moradores das áreas rurais do município, que reivindicam a conclusão de obras antigas prometidas a cada posse de prefeito. Com as sucessivas substituições no comando, a população assistiu a recorrentes paralisações de um projeto de regularização fundiária e a interrupção das obras de recuperação de estradas locais. “Hoje temos mais de 1 mil produtores sem saber o espaço que poderiam ocupar ao redor de Mariana. O programa que tinha sido feito com apoio da Universidade Federal de Viçosa para a medição e regulamentação de terras municipais não teve continuidade. As estradas também passaram a ficar sem atenção, com o projeto de pavimentação paralisado”, alerta o presidente da Câmara, Geraldo Sales (PDT).

Descarte

O vereador, que chegou a assumir a prefeitura interinamente por sete meses em 2011, lamentou os atrasos e adiamentos de obras e, por experiência própria, apontou um dos erros mais frequentes cometidos por quem assume o mandato tampão. “É preciso tomar cuidado com o descarte de tudo que foi proposto no governo anterior. Como o mandato interino é complicado, sem tempo para planejamento ou montagem de equipe, é preciso avaliar o que pode continuar, mas isso já leva alguns meses e as ações não ganham sequência”, afirma Geraldo.

A restauração da Capela de Santana, um templo católico datado de 1711 que foi desmontado, é antiga demanda de moradores da comunidade de Gogô, em Mariana e recebeu um balde de água fria com a nova troca de prefeitos. Isso porque a Associação de Moradores do Morro de Santana espera pela reconstrução da capela desde 2008, quando as peças que estavam armazenadas em um galpão em Belo Horizonte foram devolvidas à comunidade. “Já estávamos com conversas adiantadas e reuniões marcadas com secretários da ex-prefeita. Agora vamos ter que reiniciar as conversas e voltar a discutir os detalhes do projeto. Este acordo está sendo descumprido pela prefeitura e as peças históricas estão se deteriorando a cada dia. Pela sexta vez trocamos de prefeito e nada de uma continuidade nas propostas”, cobrou o presidente da Associação de Moradores do Morro de Santana, Eduardo Campos.

Batalha judicial

 

Em Conceição do Mato Dentro, os problemas com a troca de prefeitos também passaram a ser sentidos no dia a dia dos moradores. Desde a cassação do prefeito Breno Costa (DEM), cinco meses depois de assumir o mandato, o município passou a assistir a uma batalha judicial pelo comando da cidade durante todo o mandato. Os serviços de manutenção nas praças, ruas e estradas foram deixados de lado, o que desagradou a associações e sindicatos da cidade. “Várias áreas sofreram nesses últimos anos e a cidade ainda tenta se reorganizar. Com ruas e estradas sem conservação, os serviços de saúde ficam cada vez mais difíceis, já que fica complicado buscar e levar pacientes a áreas rurais. As mudanças acontecem e quem paga são os moradores e trabalhadores do campo, que necessitam de serviços básicos e não recebem”, criticou José Rodrigues de Almeida, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição.

Campo Florido, no Triângulo Mineiro, também teve sua “dança das cadeiras”. Nos últimos cinco anos foram três trocas de prefeito. Entre as obras que deixaram de ser realizadas está a reforma da Praça Eteolces Vilela, aguardada pela população há mais de cinco anos e que só agora está na segunda fase. O prefeito Ademir Ferreira de Mello (PP), que venceu as eleições extemporâneas em dezembro de 2010, criticou o descaso com que a gestão municipal vinha sendo tratada, principalmente nas áreas da saúde e educação, com falta de profissionais, remédios e equipamentos nos postos de saúde. “Em decorrência dessa instabilidade, todo o patrimônio público acabou depredado, prédios se encontravam em situação de total abandono e a frota de máquinas e automóveis completamente sucateada”, afirma Ademir.

 

 


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