Os tucanos tiveram diferentes reações à rejeição dos petistas de Belo Horizonte à aliança formal ou informal com o PSDB para a prefeitura da capital no ano que vem. Na quinta-feira, o diretório municipal do PT aprovou resolução em que se nega a participar de chapa com os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff, incluindo na lista de veto PPS e DEM. Enquanto o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, disse que a conversa do partido é apenas com o PSB, o presidente municipal da legenda, deputado estadual João Leite, lamentou a decisão petista.
O PSB já havia oficializado convite ao PSDB para participar de chapa com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) em café da manhã há três semanas, em Brasília. Participaram Lacerda, o governador Antonio Anastasia (PSDB), o senador Aécio Neves (PSDB), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o ex-ministro e presidente estadual do PSB Walfrido Mares Guia. Os tucanos abririam mão do cargo de vice-prefeito para o PT. O único obstáculo seria o diretório municipal, que ainda falava em candidatura própria, mas já admite a aliança, levando em conta a vontade de Aécio.
Mas enquanto o PSDB municipal até toleraria o PT na chapa, os petistas de BH não aceitam os tucanos. Na quinta-feira, o vice-prefeito e presidente da legenda na capital, Roberto Carvalho, depois da resolução pela rejeição dos tucanos, avisou: "Essa é uma posição majoritária, que tem ressonância em todas as instâncias do partido". Ontem, os tucanos reagiram à decisão da legenda. Segundo Pestana, "não há linha de conversa entre o PSDB e o PT, mas apenas com o PSB". Ele atribui o papel de "negociador da vez" ao prefeito da capital.
"Em 2008, a situação era diferente. A eleição de Lacerda foi puxada pelo então prefeito Fernando Pimentel (PT) e o então governador Aécio Neves. Agora é diferente: o Marcio Lacerda é prefeito e é dele o papel de conduzir as negociações", diz Pestana. Na segunda-feira, os tucanos vão se reunir com Lacerda e Mares Guia na prefeitura para continuar as "negociações". De acordo com Pestana, os tucanos ainda não se decidiram pela aliança, uma vez que a base municipal ainda discute a possibilidade de candidatura própria.
Rancor
Já o presidente da legenda em BH, João Leite, lastimou a decisão do PT. "Lamentamos esse rancor dos petistas com o PSDB. Não fazemos política desse jeito", comentou. Segundo ele, os tucanos estão "abertos" a alianças que "favoreçam a cidade". "Aglutinar forças de partidos interessados em resolver os problemas de BH é positivo para a capital", afirmou. O deputado diz que a candidatura própria é vontade da base municipal, mas que Aécio Neves "representa grande liderança", completando que uma conversa entre o senador e as lideranças de BH poderia influenciar em mudança de vontade.
Entre as conversas sobre a disputa à Presidência da República em 2014, é cogitada uma chapa com Aécio Neves e Eduardo Campos, o que pesaria na decisão pela Prefeitura de BH, estreitando os laços entre as legendas. Em almoço com vereadores e João Leite há duas semanas, Pestana afirmou que a dupla seria "fortíssima" candidata ao Palácio do Planalto.
PSB dá aval à aliança
O PSB municipal faz hoje congresso para escolher seus delegados e representantes que votarão na convenção do partido para as eleições de 2012. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, participará do encontro, que, entre outras coisas, vai reafirmar o apoio a sua reeleição e à ampliação da aliança com PT e PSDB que o elegeu em 2008. Serão apresentados os novos filiados e a chapa de vereadores para o pleito. Outro passo para a recandidatura de Lacerda vai ser dado na segunda-feira, quando a deputada federal Jô Moraes (PcdoB) deve formalizar apoio ao socialista. Pré-candidata à Prefeitura, ela vai retirar oficialmente seu nome da disputa.
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Tucanos fazem pressão em Belo Horizonte
PSDB lamentou resolução do PT que vetou participação do partido na aliança com PSB em BH e avisou que vai insistir nas articulações para ampliar a coligação
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