A candidatura da deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) à Prefeitura de Porto Alegre pode minar os planos da colega de Câmara dos Deputados e de partido, Jô Moraes, que já se apresenta como pré-candidata à Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem. Em participação no 28º Congresso Mineiro de Municípios, nessa quarta-feira, em Belo Horizonte, Manuela fez questão de reafirmar o desejo de ser prefeita e as boas relações com o PSB. Em plano nacional, os dois partidos negociam composições para as disputas nas próximas eleições municipais. A tentativa é diminuir a hegemonia petista nas esquerdas e nos partidos governistas. Na articulação, o PSB apoiaria Manuela em Porto Alegre e o PCdoB, em troca, Marcio Lacerda na capital mineira, sepultando a candidatura de Jô Moraes.
Segundo Manuela, os partidos governistas formam um “campo”, que deve conversar nacionalmente para composição nas próximas eleições. “Temos um campo, que elegeu a presidente Dilma Rousseff, com o nosso partido muito bem representado em Minas pela Jô Moraes. Tem o PSB, com o prefeito Marcio Lacerda, com quem eu ia me encontrar e não tive tempo por causa da agenda muito cheia; o PT, que tem várias lideranças’, afirmou a deputada. Nos bastidores, o principal objetivo do PCdoB e do PSB, que formam bloco na Câmara dos Deputados, não seria fortalecer a base governista, mas se fortalecerem entre os partidos de esquerda, quebrando a hegemonia do PT.
Em entrevista ao Estado de Minas, na terça-feira, Jô Moraes, que disputou a PBH em 2008, confirmou a orientação nacional do partido de se aproximar do governo de Lacerda, mas não descartou nova candidatura à prefeitura no ano que vem.
A proximidade do PSB com o PCdoB pode também afastar de vez a possibilidade de reedição da aliança que elegeu Lacerda, com participação do PSDB e PT. O presidente municipal do PSB, João Marcos Grossi, acredita, no entanto, que a decisão da direção nacional do partido, que cobrou do prefeito a ampliação das alianças com as legendas da base da presidente Dilma Rousseff (PT), não vai melindrar a relação com o PSDB em Belo Horizonte. “As conversas acontecem com todo mundo. No caso do PCdoB, existe uma proximidade nacional. Os dois partidos já atuam como bloco partidário”, afirmou, também em entrevista ao EM, na terça-feira.