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Estado de Minas

Dia de conhecer a Cidade Maravilhosa


postado em 20/03/2011 07:15 / atualizado em 20/03/2011 07:57

Moradores da comunidade nem cogitam a possibilidade de uma desistência do presidente americano(foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Moradores da comunidade nem cogitam a possibilidade de uma desistência do presidente americano (foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Alheios à falta de confirmação oficial sobre a ida de Barack Obama à Cidade de Deus, favela da Zona Oeste da cidade, moradores da comunidade nem cogitavam neste sábado a possibilidade de uma desistência do presidente americano. A confiança na visita é tão grande que a garotada passou a tarde de ontem ensaiando o que apelidaram de dança do Obama. Criada pelo Bonde dos Ousados, um grupo de funk com quatro integrantes, a música já virou hit entre as crianças da Cidade de Deus. "Mexe o braço e mexe as pernas, solta o corpo e balança, o baile todo está mandando, é a dança do Obama", repetiam em coro, movimentando as mãos fechadas em círculo, uma ao redor da outra.

O gesto, segundo Dudu, que criou a letra, foi pesquisado na internet. "Vimos um monte de vídeos dele. E notamos que muitas vezes ele faz essa parada com as mãos, de um jeito meio desengonçado, tipo uma dancinha estranha", conta o jovem de 22 anos, vestido com o uniforme de basquete que a banda usa para se apresentar. Dudu ainda não sabe se terá oportunidade de apresentar a criação para o presidente americano, mas garante que vai tentar. Depois de se remexer ao som do hit, Vitória Souza dos Santos, de 10 anos, contou o que sabe sobre o ilustre visitante. "Ele é um moço moreninho, tem o cabelo baixinho e mora nos Estados Unidos", diz a garota. A amiga dela, Cibele Amanda Aparecida Araújo da Silva, de 9, vai direto ao ponto. "É o homem mais poderoso do mundo", afirma, confessando que até ontem nunca tinha ouvido falar em Barack Obama.

Apesar da euforia da criançada, tudo sobre a ida do americano à comunidade é motivo de despiste por parte das equipes que organizam a passagem dele pelo Brasil. O motivo alegado é a segurança. Por conta das precauções, a visita a um campinho de futebol de terra batida, na Praça do Lazer, na Cidade de Deus, já foi praticamente descartada. A esperança, agora, é que pelo menos a apresentação de capoeira, dentro da Fundação para a Infância e Adolescência, um centro de atividades da comunidade, seja mantida.

Visibilidade

"Estamos confiante que ele virá e que será um evento muito bacana. É importante essa visibilidade para a comunidade, para nós que trabalhamos aqui", diz Allan Borges, superintendente do Centro de Referência da Juventude, onde crianças praticam atividades esportivas e culturais. Os agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) trabalhavam a todo vapor ontem, principalmente com relação ao trânsito no local, mas sempre mantendo a discrição. "Não temos certeza se ele virá, mas estamos fazendo a nossa parte, orientando a população para não deixar os carros parados na pista, atrapalhando a passagem", afirma o soldado Hotz, da Polícia Militar.

Para o comerciante Edvaldo dos Santos, de 35, dono de uma loja em frente à Fundação para a Infância e Adolescência, o dia de hoje será de descanso. "No domingo o movimento é muito bom, mas já recebi notificação de que terei de fechar", diz, lamentando o prejuízo nas vendas de roupa de banho.

Em frente ao comércio de Edvaldo, quem não sossega é Felipe Melo dos Santos. O garoto de 10 anos sonha apresentar sua habilidade na capoeira para Obama. Mas não sabe se poderá, já que faltou à aula em que o professor falou a respeito do evento. Espevitado, Felipe diz as três expressões que falaria para o presidente, fazendo confusão entre inglês e italiano: "'Good morning'. Quando ele falar uma coisa, eu vou dizer 'repeat for me'. E também 'buona notte'", diz o garoto, corrigindo-se logo em seguida. Além da capoeira, Felipe faz aulas de futebol dadas pelo policial Orlando Muniz, da UPP, e estuda inglês. "Minha professora é inglesa", brinca.

Regina Helena Gomes do Rosário, de 65, há 46 morando na Cidade de Deus, recorreu à neta, Bruna, de 16, para mandar pintar a faixa de boas-vindas ao presidente na língua do homenageado. "Não sei inglês, mas ela sabe, porque esses meninos sabem tudo hoje, olham logo no computador", afirma a senhora. Ela só teme que Obama nem passe por sua rua. "Queria tanto que ele visse", destaca Regina, que tem um restaurante improvisado em casa e pretende faturar hoje com a favela cheia de visitante.

Agenda cheia

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou ao Rio de Janeiro na noite deste sábado. O avião pousou na Base Aérea do Galeão às 20h14, trazendo o presidente, a mulher, Michelle, e as filhas, Sasha e Malia, depois de ele encerrar, em Brasília, a agenda oficial de seu primeiro dia de visita oficial ao país. No Rio, está programado oficialmente para hoje um discurso de Obama no Theatro Municipal, no Centro, para cerca de 200 convidados. Inicialmente, o presidente dos Estados Unidos falaria em um evento aberto, na Cinelândia, mas a agenda foi alterada pela segurança americana. Três veículos da comitiva levaram Obama e sua família até o Hotel Marriot, em Copacabana. Segundo moradores, que vivem em apartamentos com vista para o campo, agentes passaram os últimos dias vistoriando cada canto do gramado para que o presidente e sua família não corressem risco algum.


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