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Estado de Minas Minas 300 anos

Dos frutos da terra à tecnologia: Minas se destaca no agronegócio

Solo privilegiado de Minas Gerais rendeu variadas safras em 300 anos de história, do minério ao café, que impulsionaram a indústria moderna de alimentos


Minas 300 Anos
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Minas 300 Anos
postado em 11/01/2021 10:28 / atualizado em 11/01/2021 12:51

O principal produto do agronegócio mineiro é o café. De Minas Gerais sai aproximadamente metade da produção brasileira do grão.(foto: Felipe Gombossy/Divulgação)
O principal produto do agronegócio mineiro é o café. De Minas Gerais sai aproximadamente metade da produção brasileira do grão. (foto: Felipe Gombossy/Divulgação)

 
No aniversário de 300 anos de Minas Gerais, um dos setores mais importantes da economia do estado tem o que comemorar. Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a agropecuária mineira deve produzir R$ 76,7 bilhões em 2020, 18% a mais do que em 2019, segundo estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

Ao longo da história, os produtores rurais mineiros conseguiram unir a tradição e o desenvolvimento tecnológico para fazer do estado uma referência nacional e mundial na cultura de café e produção de leite, entre outros produtos.

Ao lado da mineração e do comércio, o agronegócio é um dos três pilares econômicos que definiram a formação de Minas ao longo desses 300 anos, segundo Mário Rodarte, professor-adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. 

O pesquisador explica que a agricultura, a criação de gado e a produção de laticínios, especialmente queijos, se desenvolveram no estado a partir do estabelecimento dos estados vizinhos de São Paulo e Rio de Janeiro como grandes mercados consumidores.

“No início do século 19 já havia uma certa diminuição do fluxo de ouro, que teve seu auge no século 18. A chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808 desenvolveu a cidade econômica e demograficamente”, explica Rodarte. Além da então capital federal, o estado de São Paulo, outro grande produtor agrícola e pecuário, passou a se converter para a produção de café, o próximo grande produto da economia brasileira. “Essa composição regional acabou gerando um espaço econômico de divisão do trabalho em que Minas ficava com a agricultura de mantimento, a pecuária e a indústria de laticínios.”

O principal produto do agronegócio mineiro é o café 


De Minas Gerais sai aproximadamente metade da produção brasileira do grão. Segundo os dados mais recentes da Fundação João Pinheiro (FJP), de 2018, o café representa 38,6% do valor bruto de produção da agricultura mineira, à frente da soja 17,1%), cana-de-açúcar (16%), milho (10%) e feijão (3%). 

Na safra de 2020, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o estado deve colher 34,6 milhões de sacas de café, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa novo recorde histórico, acima das 33,4 milhões de sacas colhidas em 2018.


Desenvolvimento


A história do café em Minas começa no século 18, no auge do Ciclo do Ouro. Segundo o historiador Antônio Carlos Moreira, no livro /História do café no Brasil/, os tropeiros traziam sementes de café na volta das viagens em que transportavam ouro. As lavouras se desenvolveram e fizeram da Zona da Mata a região mais rica do estado. 

No século 19, com a atividade já estabelecida, a pouca infraestrutura de transporte era um problema, já que boa parte da produção se perdia pelo caminho. No Segundo Reinado, a construção de ferrovias aumentou a eficiência. No início do século 20, a economia do café já era o motor de cidades como Lavras, Alfenas, Guaxupé, Varginha e Três Corações.

Hoje, os cafeicultores investem em técnicas baseadas em pesquisa e tecnologias que buscam aumentar cada vez mais a produtividade da lavoura. É o caso do produtor e agrônomo Alessandro Oliveira, que trabalha há 32 anos com café e administra cerca de 620 hectares de plantação em São Roque de Minas. Em 2000, ele começou a testar técnicas na propriedade, e presta consultoria para outros produtores com o que aprende. “Comecei porque era um agrônomo com um pedaço de terra. Vou testando e ampliando o que dá certo. Alguns duvidam, mas depois de aplicar o produtor vê o resultado”, conta.

O produtor e agrônomo Alessandro Oliveira trabalha há 32 anos com café e administra cerca de 620 hectares de plantação em São Roque de Minas. (foto: Arquivo pessoal)
O produtor e agrônomo Alessandro Oliveira trabalha há 32 anos com café e administra cerca de 620 hectares de plantação em São Roque de Minas. (foto: Arquivo pessoal)

Em colaboração com o engenheiro agrônomo José Peres Romero, Oliveira desenvolveu um conjunto de técnicas de manejo conhecido como Sistema AP Romero. Uma delas envolve aplicação de gesso agrícola, que confere doses de cálcio e enxofre ao solo. 

Com isso, a planta consegue criar raízes mais profundas, de até dois metros, e alcança a água que está disponível. O sistema também inclui uma tecnologia que permite um espaçamento menor entre as ruas de café, o que aumenta a produtividade. Outra técnica é a instalação de outra planta na lavoura, a braquiária, que contribui para o nível de matéria orgânica no solo.

O cafeicultor acredita que Minas Gerais tem aptidão para a produção de café, com altitude, solo e clima próprios para a cultura. “Isso gerou riqueza, o produtor ganhou dinheiro e continuou apostando”, afirma. Oliveira defende que se trata de uma atividade justa, que recompensa quem se dedica, mesmo começando com pouco. 

“Com 30 hectares já se faz muito. Se fizer tudo certo ninguém segura. O benefício que o café dá para o pequeno e médio produtor contribuiu muito para a posição que Minas ocupa, de maior produtor do Brasil e do mundo”, diz.

Minas é o maior produtor de leite do Brasil


Além da liderança na cafeicultura e proeminência em outras culturas agrícolas, Minas Gerais se destaca pela produção de leite, que é o principal produto de origem animal do estado, por uma larga margem. 

Segundo os dados da FJP, a ordenha de leite representava 87,3% do valor bruto de produção desse segmento, seguida de ovos (12,3%) e mel de abelha e lã (0,4%). O estado é o maior produtor de leite do Brasil, com previsão de ter produzido 7,6 bilhões de litros em 2020, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O retorno oferecido pela produção de leite em Minas, que une o tradicionalismo e a tecnologia, atrai o investimento até de quem deseja mudar de carreira. Maria Stelita Vaz Goulart trabalhou como dentista por 32 anos e decidiu se aposentar em 2013, sentindo muitas dores. Ela decidiu assumir a propriedade rural da família, em Piumhi, e começou a investir em ordenha de leite, por conferir uma rentabilidade mensal, ao contrário do gado de corte.

Hoje, em um espaço de 58 hectares, com 137 animais, oito funcionários, e duas ordenhas, a produção anual média é de 4 mil litros de leite por dia. “Até hoje tenho clientes que pedem para voltar, gosto muito da minha profissão. Mas eu ficava presa de segunda a sexta. Na fazenda, por outro lado trabalho em campo aberto, tenho muito mais liberdade”, conta Maria Stelita.

Na propriedade rural da família, em Piumhi, Maria Stelita Vaz Goulart produz média de 4 mil litros de leite anualmente.(foto: Arquivo pessoal)
Na propriedade rural da família, em Piumhi, Maria Stelita Vaz Goulart produz média de 4 mil litros de leite anualmente. (foto: Arquivo pessoal)

Porém, ela destaca que não é um negócio para quem quer realizar um sonho idílico de viver no campo. “Antigamente se pensava que era só ter uma vaquinha, um pedaço de terra. Hoje não, é um negócio de ponta, a fazenda é uma empresa rural. É uma oportunidade, se for bom ganha dinheiro, mas precisa estudar e aprender”, afirma a produtora. A próxima meta é robotizar a ordenha e chegar a ter 180 animais, o que levaria a produção para 6 mil litros por dia. 

“Minas mudou muito de perfil. Hoje se você procura tecnologia encontra fácil. O que aprendi na odontologia sobre organização, esterilização, consegui levar para fazenda. E assim conseguimos trabalhar com leite de qualidade, esse é o diferencial”, diz Maria Stelita.

Setor alimentício 


Integrado à cadeia produtiva da agropecuária mineira, especialmente representado pelo segmento de laticínios, o setor industrial alimentício no estado também se moderniza

Essa indústria foi se desenvolver no Brasil apenas depois da independência, já que a Coroa portuguesa proibia produtos manufaturados no país. Na virada do século 20, Minas se destacava principalmente pela produção artesanal de queijo, manteiga e vinho, de acordo com o livro /A indústria no estado de São Paulo em 1901/, de Antonio Francisco Bandeira. 

Atualmente, a indústria alimentícia no estado conta com 7.812 empresas, que empregam mais de 171 mil pessoas, com receita líquida de R$ 76,5 bilhões, segundo dados de 2018 compilados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Confira mais notícias sobre o especial Minas 300 anos. Uma parceria entre o banco Mercantil do Brasil e o jornal Estado de Minas.

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