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Estado de Minas artigo

Concorrência tem que gerar competência

Mesmo que não seja para uma disputa direta com a parte mais forte, que sirva de inspiração para enfrentar novos caminhos, conquistar mercados inexplorados


08/12/2022 04:00

Antônio Claret Nametala  
Psicólogo, consultor, especialista em marketing e em recursos humanos. Presidente executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis) e diretor-presidente do Grupo Nonna Field Marketing

ilustração

A frase que dá nome a este artigo é uma máxima que gosto de usar em minhas palestras e treinamentos e que tenho como muito válida, seja para a vida pessoal e profissional como no universo corporativo. Por vários anos, fui executivo de futebol, como diretor de marketing e comercial do Cruzeiro Esporte Clube, e uma frase que sempre ouvi da imprensa especializada e com a qual eu concordo 100% é que o jogador, por melhor que seja, precisa ter uma “sombra”. Isto é, na linguagem do futebol, alguém que possa disputar a posição com o titular.

Veja como essa afirmação faz muito sentido: tendo a possibilidade de assumir a posição em caso de ausência ou de baixo desempenho do titular, o jogador reserva vai se esforçar ao máximo para conquistar a vaga. Já o “dono” da posição, sabedor de que tem alguém disputando a vaga, dedica, cada vez mais, a melhorar sua performance para não ser substituído. Tudo isso, dentro de uma concorrência que só gera competência. E quem ganha com isso? Ambos os lados. O time, que conta com profissionais mais bem preparados e dedicados, e os próprios competidores, que, com base nessa concorrência, evoluem continuamente. Muitos desenvolvem habilidades até para atuar em outras posições.

No varejo supermercadista, outro segmento com o qual desenvolvi forte ligação na minha vida profissional e empresarial (mas isso vale para companhias de todos os setores), verifica-se que, quanto mais temos aumento da concorrência, mais percebemos a competência das empresas e o preparo de empresários, executivos e demais profissionais do setor. Um exemplo que ilustra perfeitamente como a entrada de um grande concorrente pode fortalecer os demais, ao invés de destruí-los, foi a chegada do Carrefour ao Brasil, nos anos 1970. Na época, a multinacional francesa causou grande preocupação aos empresários do setor supermercadista, que aqui ainda se fortalecia como autosserviço. Para muitos pequenos, um concorrente de tamanho porte como o novo entrante, o Carrefour, poderia representar o fim de um grande número de pequenos e minimercados e de mercearias.

Porém, na prática, o que se viu foi um efeito completamente inverso. A multinacional virou uma referência, uma escola para as empresas menores, que aprenderam novas técnicas, por exemplo, a departamentalização e disposição de produtos. Em Minas Gerais, poucos anos mais tarde, com a instalação da primeira filial do Carrefour no estado, localizada em Contagem, muitas empresas próximas à Grande BH faziam suas compras na loja para abastecer pequenas cidades, num efeito multiplicador de bom atendimento ao consumidor final e diversificação do mix. Redes com maior poder se espelharam no novo concorrente e passaram a investir ainda mais na melhoria das lojas, em qualidade, preço e atendimento e ampliaram sua atuação no mercado.

Essas são provas de que a concorrência tem de ser encarada como fator gerador de competências. Mesmo que não seja para uma disputa direta com a parte mais forte, que sirva de inspiração para enfrentar novos caminhos, oferecer produtos melhores, prestar serviços de alta qualidade e conquistar mercados inexplorados, como pregam os autores Chan Kim e Renée Mauborgne no livro “A estratégia do Oceano Azul – Como criar  mercados e tornar a concorrência irrelevante”, em que propõem às companhias saírem do “oceano vermelho”, de mercados muito concorridos, e buscar novos nichos, com poucos competidores, os menos explorados. Mas, se não for possível sair da disputa no “oceano vermelho”, que essa competição seja com alta competência gerada pela concorrência sempre na busca por diferenciação em atendimento, acolhimento ao cliente e pela qualidade dos produtos. Esses são fatores que devem estar sempre em mente para não perder o efeito provocador de melhoria ocasionado pela concorrência. Ou seja, a luta apenas por preços não vai tirar ninguém do “oceano vermelho” e a tendência é morrer afogado.

Outro campo em que a concorrência, mesmo que disfarçada, gera a competência é na carreira profissional. Nas minhas palestras e em treinamentos, sempre procuro estimular os profissionais a saírem do lugar comum. A desenvolver competências, a estudar e se preparar cada vez mais. Porém, o estudo sozinho não move o profissional para postos mais altos da carreira. É preciso ter atitude, ter foco, ter coragem de buscar o melhor para si e para a companhia, sempre entregando mais do que se espera dele. Como é possível conseguir isso? Espelhando-se nos líderes, ouvindo pessoas inspiradoras, buscando extrair o máximo dos seus superiores: gerentes, diretores, presidentes etc. A fila anda. Os cargos nas empresas mudam e quem está numa posição hierárquica inferior pode galgar postos mais altos. Desde que esteja preparado. Ou seja, merecedor do degrau acima.   

Portanto, seja na carreira profissional, na vida empresarial, no dia a dia dos negócios, a concorrência tem de trazer inquietação sim, mas não de achar que ela tem que acabar. Afinal, a tendência é de aumentar cada vez mais. A concorrência tem de trazer benefícios para o consumidor, para a cidade e toda a sociedade. Só para ficar num exemplo mais próximo, veja como os nossos supermercados não param de melhorar. Cada vez mais, investem em lojas mais aconchegantes de todos os formatos, em produtos diversificados e serviços ao consumidor. Hoje, desde produtos automotivos até um chope gelado, uma pizza ou um bom vinho num restaurante de alto nível é possível encontrar nos supermercados. Isso se chama competência em um dos setores mais concorridos da nossa economia.

Anote esta frase e leve-a para sua empresa, seu trabalho e para a vida: concorrência tem que gerar competência.


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