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Estado de Minas artigo

E se você escrevesse um livro para deixar seu legado?

A linguagem poética é a ferramenta mais profunda para se comunicar a complexidade da alma


24/07/2022 04:00



Luiz Renato de França
Veterinário, PDH em biologia da
reprodução animal e escritor

O mercado de escritores retomou seu crescimento e a volta presencial da Bienal Mineira do Livro, com seus milhares de visitantes, revela um segmento em movimento. Assim, as estórias e/ou histórias que permaneceram na mente de seus autores, esperando uma oportunidade para ganhar corpo em forma de palavras, vieram à luz. Os livros nascem para o conhecimento, lazer, ou, simplesmente, para registrar a história de um povo ou a própria história, como se fosse um legado, dando vazão a todos os tipos de emoções e sentimentos.

O lançamento de um livro, principalmente o primeiro e, não importa se de literatura, história, poesia ou autobiografia, qualquer que seja o propósito, não é escrito para si mesmo. Mas, mesmo assim, o autor se mostra, como magistralmente registrou o eminente poeta Mário Quintana: “Minha vida está nos meus poemas, meus poemas sou eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão”.

A verdade é que são diversas as razões para registrar uma miríade de sentimentos num papel ou e-book. Em muitos casos, como o meu, o livro se fez naturalmente ao longo de várias décadas, clamando para nascer. A aposentadoria e a pandemia contribuíram bastante no processo de elaboração dessa obra autobiográfica/poética, cujos poemas, aliados à jornada do autor em forma de texto, retratam vivências e podem ser considerados memórias, apresentando também, em algumas situações, pequenas crônicas e, até mesmo, um romance, demonstrando amor e intensa paixão pela ciência, uma força motriz desde a infância.

Um livro de maneira geral é alicerce e alimento para a alma e qualquer pessoa pode ler poesia ou literatura narrando as vicissitudes da vida em todas as suas nuances. Via de regra, os poemas são carregados de simbolismos e metáforas, permitindo que cada leitor faça sua particular viagem, baseado em suas próprias vivências, anseios, emoções e imaginação. A linguagem poética é a ferramenta mais profunda para se comunicar a complexidade da alma e dizem que os poetas foram os primeiros estudiosos (psicanalistas) da alma.

Muitos autores, como eu, escrevem desde muito jovem e assim têm a oportunidade que a obra possa, por exemplo, ser retratada cronologicamente, apresentando também uma história. A autobiografia, poética ou não, mostra o escritor desnudo em sua essência. O cotidiano revela que existem muitas maneiras de ser e poucas palavras para se definir a alma humana, que é complexa por natureza.

O livro pode tanto representar diálogos consigo mesmo, quanto com o mundo que nos abarca e nos adentra, desde a mais tenra idade, propiciando, assim, construir e definir poeticamente a saga do autor. Muitos escritores são pioneiros e precoces e demonstram que a lógica, a razão, a intuição, os insights, a emoção e a determinação não são mutuamente excludentes e podem ocorrer e conviver em harmonia na essência individual.

Portanto, quando bem escrito, apresentando originalidade e autenticidade, o propósito e a estória do livro não importam, tornando-se naturalmente partes de um legado. Apesar de certamente existirem outros modos de comunicação, as cores do universo vislumbradas são todas aquelas que existem na imaginação e na percepção de cada um.

A vida é a eterna busca do equilíbrio e, durante esse processo, percebe-se que sempre é possível ser melhor. Apesar de um excelente livro ou um clássico ser atemporal, nem de longe representa a vida e, sim, apenas saborosos fragmentos dela.


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