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Estado de Minas artigo

'Globesidade' e saúde da mulher


17/05/2022 04:00

Márcia Mendonça Carneiro
Ginecologista do Grupo Oncoclínicas Belo Horizonte

A obesidade é um problema de saúde que afeta pessoas de todos os continentes, raças e culturas e recentemente atingiu proporções epidêmicas, a chamada “globesidade”. A obesidade e o sobrepeso são considerados um problema de saúde pública em vista dos reconhecidos efeitos negativos sobre a saúde, incluindo aumento do risco cardiovascular e de vários tipos de câncer. Infelizmente, nos últimos 40 anos, nenhum país conseguiu reduzir a incidência de obesidade. Dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam um aumento assustador da prevalência de obesidade: 96 milhões de brasileiros estão acima do peso no Brasil. Para as mulheres, a situação é pior: uma em cada três tem excesso de peso.

A maior prevalência de obesidade em mulheres, especialmente aquelas em idade reprodutiva, pode ter resultados mais profundos, pois a saúde pré-concepcional materna é vital para o desenvolvimento e a saúde dos gametas e do feto, e pode aumentar a obesidade infantil, além dos efeitos adversos na saúde da mulher. A obesidade pode representar outras ameaças à saúde da mulher, além dos conhecidos efeitos adversos cardiovasculares e metabólicos, pois o excesso de peso corporal pode resultar em irregularidade menstrual, anovulação, infertilidade, complicações na gravidez e alguns tipos de câncer. Além disso, as mulheres experimentam ao longo da vida mudanças que podem alterar seu equilíbrio de peso desde a puberdade até a gravidez e menopausa, mas tais mudanças recebem pouca atenção. Portanto, o cuidado e a prevenção da obesidade devem desempenhar um papel central na saúde da mulher.

Os resultados do The Awareness, care and treatment in obesity management – International Observation (ACTION - IO) mostram que a obesidade permanece subdiagnosticada e tratada, apesar de 46% das pessoas apresentarem preocupações sobre o efeito do excesso de massa corporal em sua saúde e estarem interessados em perder peso. Não há dúvida de que a obesidade precisa ser tratada em vista dos riscos à saúde do indivíduo e até de gerações futuras. Infelizmente, perder peso é um desafio. Dados apresentados no recente Congresso Europeu de Obesidade revelaram que cerca de 75% dos adultos na Europa que tentaram perder peso no último ano não conseguiram. A boa notícia é que uma perda de 5% do peso inicial mantida por um ano resulta em melhora das doenças associadas à obesidade.

Na verdade, apesar das intensas campanhas patrocinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades médicas e órgãos governamentais, a luta contra a obesidade tem sido inglória. Uma explicação pode estar na heterogeneidade da doença, com múltiplas causas e fenótipos, que necessita de abordagem multidisciplinar, e para a qual a combinação de tratamentos pode ser necessária. Embora vários aspectos relacionados ao desenvolvimento da obesidade ainda permaneçam obscuros, novos estudos vêm apontando o surgimento de opções seguras e eficazes que podem resultar em perda de peso duradoura. A crença de que intervenções simples, como comer mais vegetais e fazer exercícios, sejam suficientes para perder alguns quilos, e a ideia de que pessoas com obesidade não têm força de vontade e são “fracas” ou “preguiçosas” são alguns dos conceitos equivocados que permeiam nosso meio e  podem dificultar a adoção de medidas adequadas. 

A doença afeta todos, sem exceção, e não há dúvida de que estamos perdendo a batalha. Assim, a obesidade precisa urgentemente ser reconhecida como doença crônica que demanda tratamento individualizado e contínuo, principalmente para as mulheres.


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