Cristina Navalon
Psicóloga pela Universidade Metodista de SP, com especialização em psicanálise do adolescente, psicossomática e doenças mentais
Conceito criado pelo psicanalista inglês Donald Winnicott, a criatividade primária está relacionada ao sucesso do desenvolvimento emocional e ao regozijo da vida, permitindo ao indivíduo experimentar positivamente as situações boas e prazerosas, assim como situações ruins e desagradáveis. É possível compreender a realidade, seja ela qual for.
Muitos confundem esse conceito com o da criatividade propriamente dita, esta que é associada às produções artísticas e intelectuais e que pode ser desenvolvida a partir da infância.
Durante o isolamento social provocado pela pandemia de COVID-19, que assolou o mundo a partir do começo de 2020, houve uma quebra dos dispositivos que, muitas vezes, são responsáveis pelo start para o desenvolvimento da criatividade primária.
Muita gente desenvolveu problemas psicológicos variados e doenças mentais, como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e síndrome do pânico decorrentes do confinamento e da privação social.
Mas, com a alta taxa de desemprego, a criatividade primária foi o que salvou muita gente, devido à urgência para reinventar costumes e produzir novas formas de trabalho, muitas vezes para ter o que comer. Segundo estudos acerca do tema, a mudança forçada de hábitos fez com que o indivíduo não só mudasse sua forma de olhar para si próprio como para seu semelhante.
O suporte social, em modo remoto (on-line), por exemplo, vem contribuindo substancialmente para a melhoria da saúde mental das pessoas. Os aplicativos de videochamada, por exemplo, estão desempenhando um papel muito importante para manter as relações sociais com familiares e amigos. E a utilização das redes sociais de forma moderada, evitando exposição a notícias pesadas, é capaz de reduzir o estresse e a ansiedade.