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Que academia é essa?

Sem querer menosprezar a grande dama do teatro brasileiro, mas essa jamais escreveu qualquer livro


19/11/2021 04:00 - atualizado 18/11/2021 23:04

Mauro Alvim
Escritor e dramaturgo

Numa única oportunidade em que tive de conversar com o poeta Carlos Drumond de Andrade, perguntei-lhe se não tinha vontade de ser membro da ABL. Este foi enfático ao me dizer que seria a última coisa que faria na vida e que houve uma época em que, à sua revelia, os fardões o elegeram como imortal e este nem lá foi dar maiores satisfações. Diante do que vem acontecendo por lá, vejo que o poeta itabirano estava coberto de razão. Mesmo porque, penso eu, não lhe interessava ser imortal, uma vez que ele já era eterno.
 
Vejo o desprezo da academia pelos seus próprios componentes, tal qual Dias Gomes, que, depois da sua posse, nunca mais apareceu por lá, nem mesmo para tomar o famoso chazinho dos imortais. E nos últimos acontecimentos, vejo a atriz Fernanda Montenegro, que era candidata única à vaga e foi eleita por 32 dos 35 votos. Não houve nenhum outro concorrente buscando uma cadeira na academia; daí, vejam o menosprezo da ABL por parte dos demais escritores brasileiros. Sem querer menosprezar a grande dama do teatro brasileiro, mas essa jamais escreveu qualquer livro. Há uma biografia sua escrita por uma gosth-writer e um livro de fotografias, contrariando o estatuto da academia, que diz que é necessário ter publicado pelo menos uma obra, em qualquer gênero literário, que seja reconhecida por sua qualidade ou valor literário. Nesse caso, sua filha, Fernanda Torres, faria mais jus a ser eleita.
 
E passada esta surpresa, aí surge outro eleito, Gilberto Gil, que disputou com nomes feito o premiadíssimo Salgado Maranhão. Também respeito muito um dos fundadores da Tropicália, o movimento musical mais influente e original do país após a bossa nova, com letras e canções que incomodaram a ditadura, mas, de seus livros, quase ninguém sabe que escreveu apenas quatro em parceria com outros.
 
Falando em obras que sejam reconhecidas por sua qualidade e valor literário, fico a me perguntar quais obras com esse requisito escreveram José Sarney, Paulo Coelho e alguns outros para merecerem ocupar alguma cadeira na Academia, fundada por Machado de Assis, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Coelho Neto, José do Patrocínio e outros. Não me será nenhuma surpresa se qualquer dia o Lula for eleito como imortal desta.


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