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Humanizar a engenharia


03/11/2021 04:00

Gilson E. Fonseca
Consultor de empresas
 
A cabeça, anatomicamente, está acima do coração. É lícito pensar sempre que se deva continuar assim. Entretanto, parece que a tecnologia neste século, que cresceu exponencialmente, ampliou essa distância. O filósofo chinês Confúcio, há mais de 2 mil anos, no entanto, dizia que “a sensibilidade entra pelo coração e não pela cabeça”.
 
No terceiro milênio, felizmente, constatamos, às vezes com espanto, a velocidade das coisas. O mundo parece caminhar ao encontro de grandes transformações sociológicas, que nos permitem antever e resgatar a maior dimensão do homem. A intuição e o sentimento mudarão de escala e terão tanto valor como o conhecimento técnico científico. Exemplo disso pode ser visto no centro da administração das empresas, com a crescente valorização da gerência humanizada. Não se aceita, hoje, pensar no homem fracionado, dividido. A multidisciplinariedade das ciências deve enfocar o homem globalmente, pleno, com a consideração de suas múltiplas relações. Com a engenharia não pode ser diferente. Não se pode considerar apenas cálculos e números. É preciso desmistificar a ciência. O engenheiro, pela sua própria formação, é um técnico e, como tal, tende a valorizar a exatidão das fórmulas e do saber científico. O valor da ciência, no entanto, deve ser medido em promover o bem-estar das pessoas. O homem dever ser sempre o parâmetro, a medida de todas as coisas. A ciência e a técnica precisam, certamente, estar ao seu serviço.
 
A engenharia brasileira pode e deve preocupar-se mais com o bem-estar coletivo, desenvolvendo e projetando obras afinadas com esses conceitos. Perseguir a realização do binômio conforto e segurança não é só um dever profissional, mas também uma estratégia empresarial. Estudos mostram que a engenharia do lazer e do meio ambiente terá grande crescimento e destaque. O eminente professor Pierre Weill, já falecido, muito chamou a atenção para as mutações que o mundo está clamando nesse sentido. Cabe às empresas de engenharia, que têm no poder público seu maior cliente, ampliar cada vez mais esses espaços, sensibilizando o administrador para a importância de integrar-se o projeto à vida da cidade e de seus cidadãos. Como fazê-lo?! É preciso não ter medo de “raciocinar” com o coração. Não fechar as portas para a sensibilidade poder entrar, em harmonia com os números.
 
A cidade de Curitiba tem colhido dividendos de uma administração voltada para a humanização dos espaços públicos: limpeza e higiene da cidade, pontos de ônibus cobertos e até mecanizados, pista de Cooper, ciclovias, coletivos com equipamentos próprios para conforto dos deficientes físicos, etc.
Um bom exemplo, quando já estava privatizada, deu a Vale ao retornar com o trem de passageiro BH/Vitória, que estava desativado por não dar lucro. Cerca de 30 paradas, nesse percurso, permitem a milhares de pessoas deslocarem-se confortavelmente como único meio de transporte disponível para centenas delas. Pela razão dos números, só teríamos trens de carga.
 
O escritor-poeta Camões chamava a atenção do mau exemplo: “O fraco rei faz fraca a forte gente”. É imperativo pegar uma carona nos bons exemplos, na engenharia humanizada, pois ela não está só em obras e construções, como pode parecer à primeira vista. Quem projeta e constrói equipamentos médicos, odontológicos, carros e utensílios de toda ordem? 


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