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Estado de Minas EDITORIAL

O avanço da desigualdade


04/10/2021 04:00

O agravamento da desigualdade social no Brasil provocado pelos seguidos aumentos dos preços de produtos e serviços essenciais no orçamento das famílias de menor poder aquisitivo – um dos piores efeitos da inflação alta – parece passar despercebido da equipe econômica. Melhor faria o ministro Paulo Guedes em optar pelo silêncio em vez de se manisfestar resignado e defensor de um custo de vida “dentro do jogo”, como classifica um IPCA variando entre 7% e 8%. 

Entender a mecânica dos aumentos faz parte das funções básicas de quem dirige a nação, mas não se trata de tentar justificar as altas nas bombas dos combustíveis e no gás de cozinha, como fez o presidente da República, enquanto as remarcações, de fato, se espalham por várias despesas, afetando principalmente os mais pobres.

A Petrobras anunciou na quarta-feira a destinação de R$ 300 milhões, em 15 meses, para subsidiar o custo do gás de cozinha às famílias em situação de vulnerabilidade social, ideia que não é nova – Fernando Henrique Cardoso criou em 2001 o auxílio-gás. Que a medida, com impacto temporário, sirva de apelo ao próprio governo, aos políticos e formuladores de políticas públicas.

As altas de preços avançam sobre várias classes de despesa, como a energia e os transportes, alimentos e bebidas, longe de se concentrarem nos derivados do petróleo. Por trás desse avanço, o que se percebe no Brasil é que a inflação está acentuando o inaceitável fosso entre pobres e ricos, já dilatado pelo impacto da COVID-19 sobre o emprego e a renda no país.

Levantamento divulgado pelo Ipea, em setembro, revela que de janeiro a agosto as famílias de renda baixa e média-baixa arcaram com as maiores taxas de inflação, de 5,9%. Em 12 meses até agosto, o custo de vida subiu 10,6% para esse grupo da população, percentual bem superior àquele medido para a classe de alto poder aquisitivo, de 8%. 

A pressão sobre os mais pobres é persistente. Os pesquisadores destacam a disparidade observada em agosto, com variações de 0,91% impostas as consumidores de renda muito baixa e baixa frente à taxa de 0,78% para as famílias abastadas.

Na essência, existe um direito à vida digna da população mais vulnerável que vem sendo negado, como também falta percepção de que o desenvolvimento econômico e social se faz com um mercado interno de consumo amplo e forte. O Brasil precisa de crescimento com redução de desigualdades e não o inverso disso, como se tem visto no país, em especial depois da pandemia de COVID-19.

O Estado de Minas mostrou o desabafo de consumidores de baixa renda forçados a buscar nos açougues da Grande Belo Horizonte cortes que eram desprezados como sobra nesses estabelecimentos, a exemplo de pés de galinha e cabeça de peixe, para não deixar de colocar a proteína na mesa. A auxiliar de limpeza Vera Fernandes deixou claro o sentimento de indignação. “Humilhação para a gente, que quer dar o melhor para o filho ou o neto”, afirmou.

A FGS Social, braço da Fundação Getulio Vargas, dá pistas sobre a extensão desse drama, ao estimar que para os mais desamparados, os brasileiros que vivem na informalidade, estão no desemprego ou são inativos, a renda individual média está 9,4% abaixo do nível observado em 2019, portanto, antes da crise sanitária. 

Entre os 50% mais pobres, houve perda de 21,5%, ao passo que os 10% mais ricos perderam 7,16%, o equivalente a menos de um terço da redução verificada na parcela mais pobre da população. Os moradores do Nordeste, as mulheres que enfrentaram jornada dupla de trabalho, os idosos retirados da ocupação pelo risco de contaminação pelo coronavírus são os mais prejudicados.


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