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O que um cardiologista tem a dizer sobre doenças mentais?

Quem lida com o coração precisa ter coração


01/09/2021 04:00

Augusto Vilela
Cardiologista dos hospitais Mater Dei 
e Belo Horizonte
 
Setembro é o mês em que a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Eu não cuido diretamente das doenças mentais. Como cardiologista, minha missão é lidar com as doenças relacionadas ao coração. Mas ao longo desses anos de profissão, trabalhando em dois hospitais de grande porte em Belo Horizonte, sinceramente, as questões da saúde mental para mim passaram a ser de grande relevância, tanto quanto as doenças cardíacas. E mesmo os dados científicos não tratando o tema com tanta clareza, na minha opinião, as doenças da mente têm, sim, um grande impacto na saúde física como um todo, até no coração.

No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Quando as pessoas percebem que há algo de errado no coração, geralmente elas me procuram rapidamente. Têm medo de morrer porque sabem que com o coração não se negocia. Se ele parar, todo o corpo para também. Logo eu entro com uma medicação de acordo com cada caso, providencio os andamentos e o melhor tratamento para cada paciente.

Mas, infelizmente, quando falamos de doenças emocionais não acontece o mesmo. Quantas vezes depressão e a tristeza profunda são consideradas “frescura” pelos familiares e até mesmo por alguns profissionais da saúde? Quantas vezes eu recebo em meu consultório pessoas que mais precisam de um ombro amigo, de ouvidos atentos e de uma boa conversa do que de remédios para o coração, de fato? É por isso que desde que me formei eu faço questão de imprimir um olhar mais humanizado na relação médico/paciente. Afinal, eu virei médico para cuidar do meu avô, que era cardíaco. Antes da profissão, já era propósito.

Mesmo num dia de agenda corrida, mesmo no desespero a que assisti nestes tempos de pandemia pela falta de leitos, de oxigênio e de vacina, não me deixei levar pelo tão conhecido “piloto automático” dos médicos.

Quem lida com gente não pode automatizar as relações. Quem lida com o coração precisa ter coração. Mas, sobretudo, quem lida com seres humanos precisa entender que ali está um paciente que pode estar adoecido de várias maneiras. Um paciente sempre será o amor de alguém. Então, o amor deve ser a tônica desta e de qualquer outra relação que envolva pessoas. Que as doenças do coração, da emoção e da alma possam ter tratadas de forma equilibrada. De forma a propiciar mais qualidade de vida e vida com qualidade para todos os pacientes, independentemente da especialidade. 


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