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Estado de Minas editorial

Inflação põe a fome na mesa

O governo não deve, de forma alguma, intervir diretamente sobre os preços, mas pode aproveitar o momento para começar a agir em favor da contenção dos aumentos


26/05/2021 04:00

A inflação é um “imposto” perverso que corrói a renda, sobretudo a dos menos favorecidos da sociedade, e desequilibra as relações de custos e preços nas cadeias afetadas por ondas de sobrevalorização. E esse é um problema amplamente observado pela população que vai aos supermercados e para o qual o governo vem fazendo vistas grossas. Estatisticamente, os reajustes de preços são considerados sazonais e o índice oficial deve fechar o ano dentro da meta, como ocorreu em 2020. No ano passado – o que mostra que a questão não é recente –, a inflação oficial ficou em 4,52%, enquanto os preços de itens da cesta básica dispararam. Os alimentos subiram 14%, com destaque para o óleo de soja (103%), o arroz (76%) e a carne bovina (35,22%). Este ano, o problema persiste e não há mais como o governo cruzar os braços.

Essa situação é agravada pelo quadro precário do mercado de trabalho brasileiro, com 14,4 milhões de desocupados, e pelos efeitos da pandemia de COVID-19, que reduziram a renda de quase metade dos trabalhadores, tornando crítica a vida de muitos deles. Outros 29 milhões são subutilizados e 6 milhões simplesmente desistiram de procurar emprego. Preços dos alimentos em alta e renda em baixa agravam a condição de miséria e contribuem para o aumento da fome, que assola 19 milhões de brasileiros. O governo não pode fechar os olhos para essa fatia da população.

O agravamento da deterioração da renda fica evidente quando, com o auxílio emergencial representando agora menos da metade do que foi entregue pelo governo aos mais necessitados na primeira onda da COVID-19, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirma ver necessidade de prorrogar o pagamento para mais dois meses. É com esse pouco (entre R$ 150 e R$ 375) que as famílias brasileiras ainda contam para colocar comida na mesa.

E cada vez mais essa refeição deixa de ter proteína animal todos os dias. Depois de trocar a carne de boi pela de frango e a de porco, os consumidores estão assistindo a uma escalada de preço desses dois cortes, a ponto de os produtores recorrerem ao governo para expor um quadro que pode se tornar insustentável. Mesmo com os preços sofrendo reajustes muito acima da inflação desde meados do ano passado, o frango 9,95% e o porco 27,8%, eles podem continuar em alta. Produtores alegam que o milho e a soja subiram mais de 100% e 60%, respectivamente, e que juntos respondem por 70% dos custos. Pedem redução de impostos e liberação das importações dos insumos.

O governo não deve, de forma alguma, intervir diretamente sobre os preços, mas pode aproveitar o momento para começar a agir em favor da contenção dos aumentos. Caso venha a reduzir impostos para atender os produtores – como fez no caso do diesel para atender os caminhoneiros –, o Ministério da Economia pode determinar uma cota da produção que deve ser destinada ao mercado interno, para aumentar a oferta e iniciar, assim, um processo de formação de estoques reguladores de alimentos básicos. Há um custo em se manter estoques e isso representa despesas num contexto fiscal frágil. Mas qual custo é maior: o dos estoques reguladores ou o da fome de milhões de brasileiros?. Quem tem fome tem pressa. O governo não pode demorar a agir.


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