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Estado de Minas Opinião

De que 13 de maio estamos falando?

Se em 1888 os pretos tentavam sua emancipação dos senhores escravocratas, hoje sonham com uma igualdade salarial a anos-luz de se equilibrar


13/05/2021 04:00

Gregório José Lourenço Simão
Radialista, jornalista e filósofo. Acadêmico de direito e pardo 


Para pensar em misticismo ou em liberdade é preciso voltar no tempo, mas sem tentar modificar a história e os fatos que ocorreram. Um ano antes, na Bahia, o governo estadual proibiu cantar samba e a prática da capoeira. Naquele estado brasileiro, os escravos libertos eram maioria que os homens negros escravizados. Por esse motivo, era questão de tempo que a liberdade chegasse para todos.

Para quem acredita em superstição, estamos com 133 anos da abolição da escravatura. E comemorando a data em 13 de maio, que, por conseguinte, é o 133º dia do ano no calendário gregoriano. A data, em 2021, é entendida pelas ordens secretas, esotéricas, filosóficas e místicas como sendo uma proporção áurea (fazendo o trocadilho) do ano.

Naquela ocasião, os movimentos populares e parlamentares vislumbravam um momento épico no Brasil. Talvez tão intenso quanto as Diretas já, que pediam o fim do regime militar e a volta das eleições para que se escolhesse a Presidência da República no Brasil. Essa só se concretizaria com a votação da Proposta de emenda à Constituição Dante de Oliveira pelo Congresso Nacional.

Mas, voltando aos 133 anos de abolição, pouco há o que se comemorar, mesmo depois de tantos anos. O Brasil miscigenado de negros (pretos e pardos) e poucos brancos, segundo dados do IBGE, tem o homem branco no topo da pirâmide, recebendo os melhores rendimentos salariais.
Para cada R$ 1.000 pagos a um homem branco, são pagos R$ 758 para uma mulher branca, R$ 561 para um homem preto ou pardo e R$ 444 para uma mulher preta ou parda.

Deu pra sentir a liberdade?

A importante pesquisa do IBGE sobre “cor ou raça da população brasileira” é feita com base na autodeclaração. O que significa que é a própria pessoa perguntada sobre sua cor – de acordo com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela – que marca aquela em que acha que se enquadra.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019 trouxe referências, como 42,7% brancos, 46,8% pardos, 9,4% pretos e 1,1% amarelo ou indígena. O próprio cidadão se autodeclarou nesse perfil.

Se em 1888 os pretos tentavam sua emancipação dos senhores escravocratas, hoje sonham com uma igualdade salarial a anos-luz de se equilibrar.

Recente pesquisa realizada pelo Instituto Ethos apontou que negros ocupam cerca de 4,9% das vagas nos conselhos de administração das 500 empresas de maior faturamento do Brasil. Nos quadros diretivos das empresas, os pretos são 4,7% dos cargos de comando, enquanto na área gerencial ficam com apenas 6,3% dos postos oferecidos.

Já no mercado de trabalho geral, mão de obra empregada formalmente, pretos e pardos são maioria, ficando entre 57% e 58%, respectivamente.
Quanto à taxa de pobreza, naquela ocasião em que foram colocados na rua, expulsos de fazendas e foram para a periferia das cidades oferecer sua mão de obra em troca da sobrevivência, hoje as taxas de pobreza e de pobreza extrema são maiores entre a população negra (pretos e pardos).

O IBGE apontava que, no Brasil, em 2018, 15,4% dos brancos viviam com menos de US$ 5,50 por dia – valor adotado pelo Banco Mundial para indicar a linha de pobreza em economias médias. O Brasil se enquadra aqui. Já os pretos e pardos na linha de pobreza chegavam a 32,9% da população. Somando-se brancos e negros vivendo com menos de US$ 5,50, temos mais de 53% dos brasileiros.

Portanto, que 13 de maio iremos comemorar?

Ainda continuamos escravos de nós mesmos. Isso porque insistimos em abandonar as escolas, paramos de estudar ao bel-prazer e com o sonho de que todos podem ser jogadores de futebol ou cantores de sucesso, sem contar os inúmeros blogueiros e influenciadores digitais.

Cabe a nós, pretos e pardos, mudar nossa sina e ela só virá quando entendermos que somos tão bom ou melhores do que os brancos. Mas temos que crer e provar. Afinal, a Lei Áurea fez 133 anos e ainda continuamos aqui, indo pra lugar nenhum.


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