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Estado de Minas artigo

É na infância que se aprende inglês de verdade?

Já temos provas contundentes para crer que o aprendizado de outro idioma traz vantagens ao aumentar a densidade da matéria cinzenta do cérebro


14/04/2021 04:00





Roberta Maldonado
Mestre em ensino de inglês pela Universidade de Londres

Ouve-se muito que, para ser um bom falante de inglês, é necessário que o indivíduo aprenda a língua durante a infância. Tem até quem jure que, pelo simples fato de ser adulto, nunca aprenderá o bendito idioma. Eu sugiro que, ao pensar assim ou assado, estejamos cometendo um grande equívoco: focando exageradamente no resultado e negligenciando os benefícios inegáveis do processo de aprender uma segunda língua. Há diferenças entre aprender na infância e na idade adulta? Sim, certamente. Mas, em ambas as fases, o processo de aprendizagem oferece benefícios tão vantajosos que falar inglês fluentemente até deixa de ser o principal motivo para se buscar o bilinguismo.

Como a linguagem envolve tanto racionalidade quanto emoção, desenvolveu-se uma teoria de que existe um período crítico para o aprendizado da linguagem, uma janela de oportunidade.  Sendo assim, as crianças de até 7 anos teriam mais facilidade de aprender devido à plasticidade do cérebro, que permite usar os dois hemisférios para a aquisição da linguagem. Se essa teoria está correta, e normalmente é o que se observa na prática, aprender idiomas na infância poderia aumentar a capacidade de compreender contextos sociais e emocionais mais facilmente.

Por outro lado, nos adultos, que filtram a língua nova através da primeira língua, aprender um idioma estimula predominantemente o lado esquerdo do cérebro. No caso dos adultos, aprender uma segunda língua é uma escolha consciente e isso apresenta desvantagens, mas também oportunidades. Quando o adulto encontra uma motivação forte de verdade para aprender, ele tende a assimilar mais palavras e estruturas e aprender mais rapidamente do que uma criança.

Mas voltando às crianças: no passado, acreditava-se, sem qualquer embasamento científico, que aprender uma segunda língua na primeira infância, até os 7 anos, poderia atrasar o desenvolvimento da criança. Felizmente, essa crença caiu graças a dezenas de estudos realizados nas últimas décadas provando justamente o contrário.

Em geral, de acordo com esses estudos, crianças bilíngues têm resultados mais altos em testes de pensamento lógico e são mais rápidas para tomar decisões do que as que só falam uma língua. Em estudo publicado em 2004, dos autores Bialystok E1, Martin MM, da York University, no Canadá, foi observada uma capacidade maior de foco e concentração entre crianças bilíngues quando brincando de um determinado jogo com cartas. Eles concluíram que, devido à constante necessidade que a criança bilíngue tem de escolher um código para se comunicar e de ignorar o outro idioma, ela desenvolve maior capacidade de não se deixar distrair pelos ruídos da cabecinha dela e, consequentemente, consegue ignorar melhor as distrações do ambiente.

Resumindo: já temos provas contundentes para crer que, seja criança ou adulto, o aprendizado de outro idioma traz vantagens ao aumentar a densidade da matéria cinzenta e ativar diferentes regiões cerebrais graças ao exercício de “mudar de código”. Essa atividade cerebral pode prevenir ou atrasar doenças mentais como demência, incluindo o Alzheimer, aumentar a capacidade de resolução de problemas e de concentração.

Provavelmente, você concordará comigo que, não tendo um vínculo forte com nenhuma outra língua, o inglês deve ser a primeira opção de segunda língua a aprender. Isso porque ele já é a língua mais usada em negócios internacionais, no cinema, em artigos acadêmicos, ou seja, é a língua da tecnologia, das artes, da ciência, dos negócios e das relações diplomáticas entre os povos.


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