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Como contribuir com a luta antirracista?


02/04/2021 04:00

Karina Chaves
Gerente de diversidade e inclusão da BASF para América do Sul
 
O que você faz quando presencia um ato de discriminação? Mesmo não se considerando racista, quando você deixa de se posicionar em uma determinada situação acaba, de alguma forma, contribuindo com o racismo estrutural, que é muito forte, sobretudo no Brasil.
 
E por que devemos nos preocupar tanto com a discriminação racial, em pleno século 21, em que as pessoas têm mais acesso à informação do que em anos atrás? A resposta não é tão simples, porque não levará anos, mas sim gerações para que a sociedade supere grande parte das marcas culturais deixadas pelos mais de 300 anos de escravidão. Estruturalmente, a sociedade brasileira foi construída a partir desse conceito equivocado de servidão e, mesmo depois de 130 anos da abolição, precisamos desconstruir diariamente essa postura racista presente na sociedade.
 
De acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria da população brasileira, cerca de 55%, se declara preta ou parda. Mesmo assim, grande parte dos indicadores aponta desvantagens sociais e econômicas graves. Os negros e negras ocupam menos postos de trabalho, recebem salários menores, têm menos acesso a benefícios básicos e são as principais vítimas da violência no país. Para se ter uma ideia, de acordo com dados do instituto, o desemprego entre negros é 71% (2020) maior do que entre brancos e a renda média mensal dos pretos equivale a 55,8% (2019) da dos brancos. Dados da Rede de Observatórios da Segurança, de 2020, mostram que 75% dos mortos pela polícia são negros e, entre as vítimas de feminicídio, 61% são mulheres negras.
 
Esses dados comprovam o quão atual é essa realidade, e como nós, cidadãos e empresas, precisamos agir para combater ativamente o preconceito e o racismo estrutural. Quando pensamos em ser um aliado na luta antirracista, podemos começar examinando a nós mesmos. Quantas vezes naturalizamos frases e pensamentos racistas, como cabelo bom e cabelo ruim, para descrever cabelos lisos ou crespos? Quantos autores negros e negras já lemos? Quantas vezes julgamos pessoas pelo tom da sua pele? Reconhecer como o racismo impacta todos e todas em pequenas situações diárias pode ser um primeiro passo para desconstruí-lo.
 
Também é primordial observarmos o grupo social em que estamos inseridos e nos questionar, por exemplo: por que existem poucos negros na empresa em que trabalho?. Pergunte a você mesmo: “Com quantos médicos negros eu já me consultei? Quantos professores negros eu tive? Quantos chefes negros?”.
 
Outro passo importante é reconhecer de fato a existência dessa desigualdade e assumir o lugar de escuta das pessoas historicamente excluídas, oferecer um espaço de fala nesse contexto e usar a nossa posição de privilégio na sociedade para agir de forma ativa, com ações de combate ao racismo.
É o que muitas empresas têm feito por meio de ações afirmativas para a contratação, formação e desenvolvimento de talentos negros, com o objetivo de acelerar o processo de correção dessas desigualdades históricas. Apesar do marketing que, muitas vezes, pode ser oportunista, grandes companhias têm colaborado para ampliar a inclusão de forma correta e constante, lançando projetos de longo prazo e metas agressivas de igualdade.
 
Para isso, foi fundamental reconhecer que, em muitos casos, não basta apenas incluir pessoas negras em processos seletivos, mas sim equilibrar o nível de exigência técnica e investir em formação complementar. Além disso, transformar a cultura da empresa para selecionar, receber e de fato oferecer oportunidades iguais de desenvolvimento a esses profissionais é essencial para mudar o ponteiro.
Mas não basta apenas fazer esses questionamentos, tomar consciência dessa desigualdade ou reconhecer esse abismo histórico. Para observarmos mudanças, é necessário adotar ações antirracistas. Nesse sentido, informação de qualidade e empatia nos ajudam a ter consciência do racismo e a agir em diferentes momentos e lugares. As empresas têm um papel importante nesse contexto, já que a educação e a inclusão socioeconômica são aliadas poderosas para que a equidade racial seja, de fato, uma prática real. 


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