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Estado de Minas editorial

O bom senso prevaleceu

Superada a crise nas Forças Armadas, o governo deve se concentrar no controle da pandemia e estimular a economia


01/04/2021 04:00







Depois do estrago provocado pela atitude intempestiva que resultou nas demissões do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa e dos três chefes das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro optou por dar um passo atrás para evitar uma crise militar. Tudo o que país não precisa neste momento de sérias turbulências políticas, de economia em frangalho e de mais de 320 mil mortes pela COVID-19.

Ao referendar três bons nomes para comandar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, respectivamente, o general Paulo Sérgio, o almirante Almir Garnier dos Santos e o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, o presidente acatou a recomendação dos militares para que se fizesse uma transição tranquila nas Forças. Mais do que isso, se afastasse qualquer risco de politização dentro dos quartéis.

Os últimos dias foram de forte tensão, no Congresso e no Judiciário, ante a possibilidade de Bolsonaro transformar as Forças Armadas, que são instituições de Estado, em anexos do Palácio do Planalto – uma afronta à democracia. Em diversas ocasiões, o presidente da República tentou tirar dos altos comandos das forças, sobretudo do Exército, declarações de apoio nas críticas contra governadores e prefeitos que têm adotado medidas restritivas para conter a forte disseminação do novo coronavírus.

Havia o temor de que as Forças Armadas embarcassem em aventuras anticonstitucionais, endossando o radicalismo que tanto mal tem feito ao país. Vontade não faltou ao ocupante do Planalto, mas tanto o general Fernando quanto os três comandantes demitidos vinham exercendo um papel fundamental para deixar a política do lado de fora dos quartéis. Eles sabiam que não há espaço para retrocessos no Brasil. A ditadura militar está relegada às páginas tristes da nossa história.

O caso mais emblemático de que prevaleceu o bom senso nas escolhas dos novos comandantes da Forças Armadas é o do general Paulo Sérgio. No último domingo, ele fez declarações contundentes em entrevista ao Correio, detalhando como medidas rígidas de segurança, de distanciamento social, permitiram ao Exército controlar as infecções pelo novo coronavírus dentro dos quartéis e evitar um número explosivo de mortes. Pelos cálculos dele, os óbitos corresponderam a apenas 0,13% de uma força que reúne mais de 220 mil pessoas. No país, essa relação está acima de 2,5%.

Não foi só: o general disse que o Exército estava preparado para uma terceira onda da COVID-19, que começaria por Manaus. As declarações do novo comandante da força fizeram barulho no Planalto, sobretudo por contrariar tudo o que prega o presidente da República, que não acredita em medidas restritivas para conter a doença. Terceiro na linha de antiguidade, o general é um exemplo claro de que a linha equilibrada de seu antecessor, Edson Pujol, continuará prevalecendo dentro dos muros dos quartéis.

A partir de agora, superada a crise nas Forças Armadas, o governo deve se concentrar no que realmente é importante: conter a disseminação e as mortes provocadas pelo novo coronavírus por meio de um amplo programa de vacinação, estimular a economia, pois o desemprego não para de crescer – são mais de 14 milhões de brasileiros sem trabalho –, tocar projetos fundamentais, como as reformas constitucionais que estão no Congresso, e diminuir os confrontos. A hora é de união em prol de um objetivo maior, o bem-estar da população.


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