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Lula de volta ao jogo?


10/03/2021 04:00

Rodrigo Augusto Prando
Professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Graduado em ciências sociais, mestre e doutor em sociologia pela Unesp de Araraquara

Não faz muito, relembrei a frase de Pedro Malan, economista e ex-ministro de FHC, de que, no Brasil, até o passado é incerto. Escrevi, há tempos, quando da condenação de Lula na segunda instância, que, dada a sentença, as demais investigações e sua idade, seria pouco provável que ele continuasse viável eleitoralmente, embora fosse capaz de manter a liderança no PT. Mas, de lá para cá tivemos a eleição de Bolsonaro, seu estilo de presidencialismo de confrontação, uma pandemia com resultados catastróficos para o Brasil e, agora, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que anulou todas as condenações da Lava-Jato e tornou, novamente, Lula elegível.

Em campos do direito e da política não há ciência exata. Portanto, na dimensão jurídica, a decisão do ministro Facchin será problematizada, corroborada e contestada por juristas, aqui e alhures. Não tenho, neste texto, a mínima pretensão de adentrar neste terreno e isso se dá por absoluta falta de competência no tema. Contudo, posso, talvez, arriscar algumas ponderações no campo político acerca do cenário em tela. Há muitos analistas que afirmam – não sem razão – que o lulopetismo e o bolsonarismo, cada um à sua maneira, se retroalimentam dos discursos polarizadores.

Retomando a trajetória política de Lula, sua inserção na vida pública e política, via sindicato, e a fundação do PT indicam que sua liderança foi, quase sempre, "soberana" no partido. Como afirmava Maquiavel, o estudo da política se concentra naquilo que "é" e não naquilo que "deveria ser". Em termos concretos, desde 1989, portanto, em toda a Nova República, o PT colocou Lula, depois Dilma e Haddad no plano principal das disputas presidenciais. Dessa forma, desconsiderar o PT e, agora, Lula, seria desprezar os dados da realidade nas últimas três décadas de política nacional. Em recente pesquisa (7/3/21), o Ipec constatou que cerca de 50% dos entrevistados afirmaram que votariam com certeza ou que poderiam votar em Lula caso voltasse a ser candidato à Presidência.

Na referida pesquisa, buscou-se aferir o potencial de voto de nomes para 2022 e, no caso, Lula é o candidato que aparece com maior potencial de votos, seguido de Bolsonaro. A pesquisa, todavia, não desenha cenários de confrontos diretos entre os possíveis candidatos, até porque, nas pesquisas de intenção de voto Bolsonaro sempre aparece à frente. Bolsonaro, que sempre manteve uma base fiel de cerca de 30% de apoio, vem, aos poucos, perdendo capital político e, provavelmente, a falta de liderança política no enfrentamento da pandemia, elevadíssimo número de mortos, falta de vacinas e confrontos com governadores e prefeitos começam a minar –- não a ponto de ruir – os alicerces de sustentação do atual governo.

Será, realmente, que Bolsonaro gostaria de Lula contra ele em 2022? Teriam os argumentos da força da Lava-Jato, do desgaste do PT, impeachment de Dilma, da corrupção a mesma eficácia que tiveram em 2018? Pesquisas sempre indicam que o estilo, às vezes insensível e tosco, de Bolsonaro é entendido como alguém autêntico, sincero. Essa imagem sobreviverá a tudo que disse e fez durante seu governo? Lula, sabidamente, tem liderança, carisma, o dom da oratória e gosta dos debates políticos. Bolsonaro aceitaria debater com Lula? Se já não era fácil para uma candidatura de centro, distante de Lula e do PT e do bolsonarismo, se firmar, agora, com Lula no tabuleiro político tudo muda de patamar.

Por fim, como se comportarão os militares com Lula de volta ao jogo? Manter-se-ão como instituições de Estado ou abraçarão abertamente o projeto de poder bolsonarista?


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