Ângela Mathylde
Psicanalista e psicopedagoga
As pessoas com deficiência enfrentam diversos desafios diários. A acessibilidade e a inclusão social ainda são questões dependentes de muita discussão e políticas públicas para garantir o acesso a deslocamento, universidade e espaços em geral. Um dos fatores gerador de frustração é o ingresso ao mercado de trabalho. A legislação brasileira garante direitos ao deficiente, determinando exigências legais para o preenchimento de cotas, em vigor há mais de 15 anos e, muitas vezes, não são cumpridas ou seguem ignoradas por muitas empresas.
A dificuldade de capacitação de pessoas com deficiência é um problema comum. Pesquisa feita pelo site Vagas.com e a Talento Incluir revelou que 62% dos trabalhadores com deficiência afirmam que já tiveram problemas nas empresas, sendo que, desse percentual, 66% reclamaram da falta de oportunidade. Muitos enfrentam dificuldades de locomoção e inserção social com dificuldade em transitar pela cidade, tornando o processo de capacitação profissional ainda mais árduo. Diversas empresas preferem contratar profissionais que sejam especializados. O primeiro passo para garantir a inclusão é proporcionar oportunidades de estudo e desenvolvimento das habilidades e conhecimentos.
Outra questão está no preconceito. Várias empresas não contratam pessoas com deficiência por acreditarem ser um custo e também por causa da ideia equivocada de que são menos eficientes e competentes. Estudo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Nacional, Isocial e Catho, apontou que 81% dos recrutadores contratam pessoas com deficiência apenas "para cumprir a lei".
A infraestrutura também é um problema, pois diversas empresas ainda não estão preparadas para receber pessoas com deficiência pela ausência de rampas e elevadores, entre outras situações, complicando ainda mais o processo.
Todos esses empecilhos impactam e, muito, a vida da pessoa com deficiência. Diante da dificuldade de conseguir emprego, a autoestima, a independência e a segurança do indivíduo ficam seriamente comprometidas. O impacto psicológico, inclusive, desmotiva a pessoa a continuar procurando um trabalho. A questão financeira também gera muita preocupação, já que, sem um emprego, a pessoa fica dependente da família.
É importante entender que o problema não está no deficiente e, sim, na sociedade. A inclusão social precisa ser trabalhada em diversas esferas, começando desde cedo para garantir as mesmas oportunidades para todos. O processo é desafiador, mas não deve ser abandonado. Paulatinamente, a discussão vai conscientizando mais pessoas sobre a causa e estimulando a luta por um país mais inclusivo.