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Estado de Minas

Bandoneon na debandada


17/08/2020 04:00

Fábio P. Doyle
Da Academia Mineira de Letras. Jornalista

Na semana passada, segunda-feira, dia em que meus escritos são publicados no Estado de Minas, eu fiz uma observação que se mostrou procedente dois dias depois: o governo federal deveria se preparar para enfrentar três problemas importantes. Os dois primeiros decorrentes do déficit fiscal, que já era volumoso e que cresceu, de forma assustadora, em consequência da pandemia do novo coronavírus. O terceiro, menos impactante, provocado pelas fake news contra e a favor do presidente da República e de seu ministério.

Na terça-feira, dia 11, as duas primeiras, as que envolvem a falta de recursos para atender às necessidades da administração pública, ficaram em evidência. Dois secretários de alto nivel do Ministério da Economia pediram demissão, os srs. Salim Mattar e Paulo Uebel. O ministro Paulo Guedes confirmou as demissões, e, aparentemente satisfeito, usou a expressão "debandada". 

Como seria natural, foi grande a repercussão. E as tentativas de encontrar o motivo da "debandada". O mais provável é o que relaciona a queda de Mattar, que é mineiro, da Secretaria de Desestatização, e de Paulo Uebel, da Secretaria de Desburocratização e Gestão, com as críticas que lhes vinham sendo feitas por muitos setores do governo, e discretamente pelo próprio ministro Guedes, comandante da pasta, por não estarem cumprindo com a presteza indispensável o programa que a eles foi encaminhado pelo governo. No caso de Mattar, o da privatização de empresas públicas; no de Uebel, incumbido de preparar o esboço da reforma administrativa. Para os observadores atentos, a impressão dominante era de que delas divergiam, ou que procuravam procrastiná-las. Outros analistas, talvez antibolsonaristas, atribuem a demissão a pedido, como foi anunciado, exatamente por motivação oposta: os secretários estariam reclamando falta de apoio e de estrutura logística do governo para bem cumprir sua missão. 

O fato é que Mattar e Uebel, em declarações à imprensa, elogiaram, ao sair, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. E este afirmou contar com todo o apoio do presidente da República em suas decisões.

Como sempre, duas versões conflitantes. Qual a verdadeira? 

A demissão a pedido seria apenas uma forma de evitar desgastes pessoais e profissionais.

O projeto de Guedes para as secretarias todos conhecem: emagrecer e reduzir gastos do governo via desestatização, ou seja, privatização das dezenas ou centenas de empresas estatais, cabides de empregos de apaniguados dos governantes, e que só dão prejuízo aos cofres públicos, a do Mattar; e reduzir ao mínimo possível o gasto com os funcionários mais bem remunerados dos três poderes, através da prometida reforma administrativa, a do Uebel.

Não conseguiu o que queria, nem privatizações, nem a reforma administrativa. Seu desagrado ficou evidente ao anunciar o que chamou de "debandada", ao dizer que "nossa reação à debandada vai ser no avançar com as reformas". Mais explícito não poderia ser. E acrescentou, dirigindo-se aos jornalistas: "Vocês devem perguntar ao Salim quem estaria impedindo as privatizações. Perguntem se ele cansou ou desistiu..." E sobre Uebel:  "A reforma administrativa está parada, e ele, responsável por ela, reclama que a reforma parou..."

José Salim Mattar Júnior é formado em administração de empresas pela Fumec. Fundou e é diretor da Localiza, poderosa empresa de locação de veículos.

Paulo Spencer Uebel é advogado, formado pela Universidade do Rio Grande do Sul, especializado em direito tributário, com pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos. Tralhalhou em várias empresas e no governo de João Doria, em SP.

Como se vê, ambos com expressiva bagagem de experiência e de conhecimento em suas áreas de atuação.

É preciso dizer a verdade. Não deve ser fácil, no Brasil de nossos dias, privatizar, vender, desestatizar empresas públicas, e aprovar reformas que envolvam servidores públicos dos três poderes, com altíssimos salários e penduricalhos, como os do Judiciário e do Legislativo. São processos demorados, que dependem de muitas aprovações, entre elas a mais complicada, a dos deputados e senadores. O que não justifica, como disse o ministro Paulo Guedes, deixar de lutar, de insistir, de batalhar. Vamos aguardar o resultado dos novos esforços com aqueles objetivos, prometido pelo bravo e talentoso ministro da Economia, desejando-lhe sucesso. É do que o Brasil precisa.

E, é preciso lembrar, que o Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos anos interferindo em tudo, não atrapalhe.

Como já era esperado, a mídia, aquela, a influenciada pelos da esquerda e a dominada pelos órfãos  das mordomias do passado, deturpou o noticiário para atingir o presidente Bolsonaro. Chegou a afirmar que o ministro Paulo Guedes, com suas declarações, estaria mandando um recado ao presidente e que poderia deixar o cargo que ocupa. Ignorou a declaração que ele fez na mesma entrevista, de apoio ao governo e de estar agindo de pleno acordo com o presidente. Como alguém disse um dia, são coisas do bandoneon...


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