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Homens também choram


postado em 14/07/2020 04:00

Ângela Mathylde
Psicopedagoga e psicanalista

 
A saúde mental se tornou um assunto recorrente e muito discutido nos últimos anos por causa de distúrbios como a depressão. Se antes os problemas  abaladores da mente eram alvo de preconceito, hoje, a empatia ganhou reforço para ajudar as pessoas que enfrentam essa dificuldade diariamente. Mesmo com constantes incentivos à procura por atendimento psicológico, o problema ainda é extremamente delicado para muitas pessoas que ainda não procuram ajuda. O tabu que "homens fortes não choram", por exemplo, afeta profundamente a saúde mental masculina, com a repressão de sentimentos guardados por muito tempo, impactando a qualidade de vida a longo prazo. Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a média de brasileiros que cometem suicídio é de 13,7 entre homens e 7,5 entre mulheres para cada grupo de cem mil habitantes. 
  
   O machismo possui grande influência no surgimento de problemas psicológicos, uma vez que a pressão para ser forte, racional e controlado o tempo inteiro contribui para a coibição de emoções, pensamentos e questões que mudam completamente o cotidiano. Desde a infância, meninos aprendem que chorar ou demonstrar emoções são coisas de menina. A ideia tem força incondicional e persegue homens ao longo da vida, impedindo o  compartilhamento de sentimentos e resolvendo problemas que, muitas vezes, precisam ser apenas reconhecidos. A situação muda a percepção masculina sobre diversos assuntos, como, por exemplo, o fato de que muitos homens evitam as famosas DR's (discussão de relacionamento) por acharem perda de tempo. O diálogo não é exercitado em quase nenhuma esfera da vida. 

     O homem só busca ajuda psicológica quando a angústia já atingiu extremos e não é mais suportável. Sem saída, a única opção é procurar atendimento profissional, mas, neste momento, os problemas psicológicos já podem ter afetado a vida pessoal, profissional, financeira e social. Esconder os problemas apenas cria situações maiores, mais graves e difíceis de lidar. Muitas vezes, até mesmo quando procuram ajuda, ainda sentem vergonha em demonstrar "fraqueza" e tentam esconder os sentimentos dos amigos, familiares e colegas. Também se engana quem pensa que os homens sofrem menos com questões de saúde mental que as mulheres.

    A reversão dessa realidade requer, primeiramente, eliminar a masculinidade tóxica repressora de emoções. Os meninos devem ser encorajados a demonstrar o que sentem e devem entender que o choro nada mais é que uma emoção de tristeza, que precisa ser liberada. A saúde mental na fase adulta também pode ser mais facilmente preservada, trabalhando isso na infância. O homem adulto pode começar a desconstruir essas amarras nas relações com as pessoas próximas, compartilhando quando está chateado ou triste com alguma situação ou comportamento. A missão é desafiadora, uma vez que esse tabu está profundamente enraizado na sociedade e é repassado pelas gerações, porém, em tempos de profundos impactos à saúde mental, a qualidade de vida e a paz de espírito devem vir em primeiro lugar.


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