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Crise entre os poderes prejudica a economia

Deve haver diálogo e maturidade dos chefes dos poderes no Brasil para mostrar ao mundo sua capacidade de coordenação e organização


postado em 29/06/2020 04:00



Carlo Barbieri
Analista político e economista


A pandemia e, agora, mais recentemente, o esboço de um conflito político entre os poderes no Brasil são fatores que têm intensificado a atratividade negativa de investimentos estrangeiros no país. Com base em levantamento divulgado pela consultoria A.T. Kearney, na última semana, o Brasil permanece fora da lista global dos 20 países mais confiáveis para se investir. Para ganhar fôlego, o país tenta a retomada de posições de atratividade ao investimento estrangeiro, mas segue distante de alcançar essa posição.

Por repetidas vezes, a exposição da articulação política entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil tem se intensificado, e nesse sentido a expectativa é que a confiabilidade do Brasil para atração de capital estrangeiro deve piorar. Enquanto não houver uma clara divisão dos poderes em que o Executivo executa, o Legislativo legisla, e o Judiciário julga, nós não conseguiremos transmitir uma imagem de segurança institucional para o investidor estrangeiro.
Precisamos ter uma pauta de crescimento bem definida, imediatamente. Com a harmonização dos poderes no Brasil podemos reativar a confiabilidade dos investidores externos. O Brasil investe internamente aproximadamente 15% do seu PIB e precisa passar a investir 25% para realmente passar a ser considerado um país com crescimento econômico sustentável nos próximos anos e os investimentos estrangeiros podem ajudar.

O Brasil pode assumir o papel de líder das Américas no pós-pandemia. É necessário que a ideologia seja afastada de decisões relevantes nos três poderes da República brasileira. O diálogo é fundamental para que o mundo veja a capacidade e inteligência do Brasil em gerir seus próprios processos. Ademais, é preciso tirar o peso das empresas estatais que foram criadas ao longo dos últimos anos para gerar cabides de emprego em detrimento do crescimento. Também aplicar uma pauta de reformas substanciais e investir no que precisa.

Este é o momento mais que oportuno para a retomada econômica pós-pandemia do Brasil frente a outros países. O Brasil tem acesso ao maior mercado do mundo, que importa mais de US$ 3 trilhões por ano, que é o Estados Unidos. Com isso, tem uma posição privilegiada para exportar os seus produtos para lá. Dando espaço não apenas para a indústria nacional passar a se desenvolver nesse mercado, como também para as empresas que estão saindo da China encontrarem no Brasil uma nova localização para seus negócios.

Do ponto de vista rural, o pós-pandemia vai encontrar o mundo com necessidades de produtos agrícolas que não poderão ser atendidas pelos EUA, no seu todo, por conta de uma limitação na produção. Aparentemente, o Brasil foi menos atingido na produção rural. O Brasil tem capacidade industrial e instalações e pode atrair indústrias que estão saindo da China se o governo brasileiro passar a agir imediatamente, com foco mais estratégico no comércio exterior.

O governo brasileiro precisa agir agora, e ir em busca de uma atividade externa coerente, proativa, extremamente dinâmica, que resultará na atração não apenas de capital, mas de tecnologia estrangeiros. É urgente reforçar o Brasil dentro do mercado exterior, seja provendo alimentos agrícolas, ou produtos industrializados.

O Brasil tem que adotar novas estratégias comerciais globais emergentes e assumir, definitivamente, sua liderança, inicialmente, pelo menos, na América Latina. O país precisa passar por uma série de reformas internas, desburocratizar alguns sistemas e meios de crescimento, e deixar o dinheiro interno para ser investido realmente no progresso.

Sobretudo, deve haver diálogo e maturidade dos chefes dos poderes no Brasil para mostrar ao mundo sua capacidade de coordenação e organização.

Enquanto a confiança de investidores no Brasil cai, os Estados Unidos seguem, segundo o ranking de confiabilidade para investimentos, na primeira posição pelo sétimo ano consecutivo. Dados da organização Trading Economics e do U.S Bureau of Economic Analysis mostram que o investimento direto estrangeiro nos Estados Unidos aumentou em US$ 50,5 bilhões no terceiro trimestre de 2019.

Dados do Mapa Bilateral de Investimentos Brasil/USA 2019, desenvolvido pela Apex-Brasil em parceria com o Brazil-U.S Business Council e a Amcham Brasil, mostram que o estoque de IED (investimento estrangeiro direto) brasileiro nos Estados Unidos cresceu 356% em 2008. Segundo o mapa, os Estados Unidos foram a segunda maior origem das importações brasileiras, totalizando US$ 25,1 bilhões em 2017.

O Brasil vive um cenário de dificuldade recorrente entre os países emergentes e precisa buscar uma solução imediata para a questão. Além de não estar na lista de países seguros para investir, aumentou o número de brasileiros que estão investindo nos Estados Unidos.

Assim como Turquia e África do Sul, por exemplo, a economia brasileira não está transmitindo segurança para o investimento externo. Então, os investimentos costumam ser pontuais e de curto prazo. Isso resulta em um capital especulativo e com alta variação e instabilidade. Essa situação precisa ser resolvida o quanto antes, pois, além de não estar atraindo investidores estrangeiros, aumentou o número de brasileiros que buscam investimento nos EUA. Ou seja, menos dinheiro entrando e mais saindo.


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