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Estado de Minas EDITORIAL

O inimigo real é o coronavírus

A tragédia parece secundária, tanto nos atos quanto nas manifestações do governo


postado em 30/05/2020 04:00

A palavra balbúrdia andava meio esquecida, abandonada entre os 500 mil vocábulos do léxico português. Abraham Weintraub a trouxe às manchetes. O ministro da Educação usou-a para classificar o movimento estudantil de 2019. Professores e alunos foram às ruas para protestar contra o contingenciamento de verbas destinadas às universidades.
 
Balbúrdia talvez seja o termo adequado para dar uma imagem da realidade brasileira. Demissão de ministros, acusações claras e veladas, declarações bombásticas, atropelo de competências, intolerâncias explícitas, trocas do essencial pelo acessório, irrelevâncias alçadas a prioridade, tudo contribui para a criação de uma babel – confusão de vozes cujo resultado é a perda de foco.
 
O pandemônio criado transmite a sensação de que o Brasil se situa  numa ilha isolada do continente global. Sim, porque o mundo vive uma pandemia cujo resultado é imprevisível. Economias despencam, empresas desaparecem, empregos se esvaem, incertezas imperam. Pior: enfermos se multiplicam e vidas se perdem por atacado. Tudo sem perspectiva de luz no fim do túnel.
 
Epicentro do surto de coronavírus na América do Sul, o Brasil apresenta números alarmantes. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,5% no primeiro trimestre. A previsão é que tenha queda recorde no segundo. Os postos de trabalho implodiram. Entre fevereiro e abril, perderam-se 4,9 milhões de empregos. Nada indica que haja melhoras a curto prazo. A desigualdade, há muito naturalizada, mostra a face cruel nas filas do auxílio emergencial e na multidão de invisíveis.
 
Não só. Enquanto os poderes se digladiam, o coronavírus avança. Mata mais de 1.000 pessoas em 24 horas. Apesar das subnotificações e precariedade de testes, as estatísticas se aproximam de 27 mil mortos e 440 mil casos confirmados. A curva é ascendente. Incalculável número de vítimas se somarão às até agora contabilizadas.
 
A tragédia, porém, parece secundária, tanto nos atos quanto nas manifestações do governo. Vago há duas semanas, o Ministério da Saúde aguarda a nomeação do titular, o terceiro em menos de dois meses. Falta coordenação, tão necessária em crise dessa dimensão. O coronavírus é o inimigo real, que, ignorado, corrói as entranhas do país. Até agora, ele é o grande vencedor do embate. Talvez o único.


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