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Cooperação essencial na pandemia


postado em 29/05/2020 04:00

Otacílio Lage
Jornalista

A premissa-chave para uma sociedade ser saudável é a cooperação. Todos os estratos dela devem atuar em direção a um objetivo comum. Contudo, a atividade coletiva requer qualidade, atributo pouco observado em diferentes segmentos da população. Esse comportamento necessita ser espontâneo e livre de imposições espúrias, como às vezes ocorre atualmente. A maioria quase sempre sendo manipulada por alguns arautos de araque. Um sem-número de indivíduos insistindo em desafiar a ordem instituída, em formar aglomerações irracionais, que só favorecem a propagação do novo coronavírus. Essa gente transgride, irresponsavelmente, códigos de ética e morais, com a desculpa de que a sua "individualidade" está sendo "confrontada".

Para muitos, riqueza e luxo significam sucesso, o que deságua no materialismo, que, por sua vez, endurece as relações humanas. Nessa luta de combate à pandemia aflora essa influência. Ocorre que muitos dos que desdenharam os riscos de contágio do vírus acabaram contaminados e vários morreram. Claro que não se trata de um "castigo", mas sim fruto da negligência e da falta de cooperação individual, em detrimento do coletivo. O lamentável é que esses procedimentos continuam ativos Brasil e mundo afora, e hoje já temos mais de 3 mil dos 5,6 mil municípios do país com casos da doença.

A vida é dinâmica e ela detesta a inércia. Diante de um mal dessa magnitude, conhecimento e lucidez são imprescindíveis, notadamente de governantes, exigindo-se de todos eles cooperação continuada, sincera, transparente e proativa. Já os indivíduos que insistem em depositar apenas nas mãos do Estado a responsabilidade no trato de problemas que afetam a sociedade, como os da saúde, deveriam mudar o discurso: se cada um deles não cumprir a sua parte, não haverá resultado plausível.

Nesta pandemia, assistimos a desatinos políticos, desemprego, criminalidade elevada, banalização da vida, medidas governamentais incongruentes etc. O bem coletivo passa ao largo, o escárnio está disseminado na sociedade; as leis são minadas pelo deboche. Preceitos constitucionais estão sendo alvo de ataques absurdos de certos grupos, numa atitude que beira ao irracional, o que põe em risco a democracia.

Precisamos mirar na perseverança do pescador Santiago, personagem retratado no livro O velho e o mar, de Ernest Hemingway. Mesmo já sentindo o peso da idade, o protagonista era tido pelos colegas como um azarão e ninguém queria mais sair com ele para o alto-mar, pois havia 84 dias que o velho voltava com o barco vazio. Mas, obstinado em pegar um peixe enorme e encorajado pelo garoto Manolin, decidiu ir bem longe do porto, sozinho. Deu sorte, pegou um espadarte de 700 quilos. Contudo, seus músculos já frouxos não conseguem içá-lo e colocá-lo no precário barco. Optou, então, o velho por amarrar a corda do arpão enterrado no pescado e voltar à terra firme. O animal continuava vivo, mas, cansado e ferido, não se debatia mais. Quando, enfim, Santiago conseguiu aportar, apenas a cabeça do peixe de 700 quilos restava-lhe; tubarões haviam devorado toda a carne.

Ante a pandemia em curso, devemos nos espelhar no velho pela perseverança e fé; faltou-lhe, talvez, para realizar seu sonho, ir ao mar em modo cooperativo. Sociedade, poder público, cientistas, pesquisadores e iniciativa privada devem, unidos, encarar este desafio que a natureza impõe a todo o mundo. Quando, em 1674, um persistente comerciante de tecidos e cientista holandês, Anton van Leeuwenhoek, fabricou um microscópio que aumentava as imagens em mil vezes, graças a uma lente biconvexa, sua persistência deu à ciência uma ferramenta melhorada extraordinária. A busca por uma vacina contra o coronavírus é, hoje, meta pela vida em todo o mundo. A cooperação, portanto, é essencial, sem o que faltarão covas rasas para enterrar tantos mortos.


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