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Crianças e adolescentes confinados correm perigo


postado em 21/05/2020 04:00

Hugo Monteiro Ferreira
Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco, coordenador do Núcleo do Cuidado Humano da UFRPE e líder do Grupo de Estudos Transdisciplinares da Infância e da Juventude; autor do livro Geração do quarto: quando crianças e adolescentes nos ensinam a amar

Em seu livro Poética do espaço (1993), o fenomenólogo francês Gastom Bachelard (1884-1962) afirma que a casa é nosso canto seguro no mundo, o local onde nos arrumamos para o cotidiano da vida, onde pode haver o nosso refúgio, a nossa salvaguarda no universo. No entanto, infelizmente, para crianças e adolescentes, sobretudo neste período de quarentena, a tese de Bachelard não se aplica no todo e, por vezes, não se aplica de forma alguma. É que, há muito, sabemos que, a depender da casa, a depender dos(as) adultos(as) que estão na casa, crianças e adolescentes são violentados de forma sistemática, de maneira vil e covarde. A casa se torna o inferno.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirma que, neste contexto de necessário isolamento social, crianças e adolescentes, em todo o planeta, estão ainda mais expostos(as) às violências física, sexual e psicológica, uma vez que, como já referimos, os(as) violentadores(as), em sua grande maioria, estão dentro das casas, local onde as famílias estão confinadas. Em 2017, o Unicef informou que cerca de 300 milhões de crianças, entre 2 e 4 anos, em todo o mundo, são diariamente submetidas a maus-tratos feitos pelos(as) seus ou suas cuidadores(as) adultos(as).

"De várias maneiras, a doença está atingindo crianças e famílias que não estão infectadas diretamente", adverte Cornelius Willams, chefe global de proteção infantil do Unicef, quando orienta que os governos tomem providências e atuem de modo ainda mais intenso para que a proteção às meninas e aos meninos se faça efetiva e que haja o fortalecimento do sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes. Como nos lembra o pediatra polonês Janusz Korczak, em seu livro Quando eu voltar a ser criança (2013), as infâncias sempre são as mais atingidas num clima de guerra e de violência declarada.

Precisamos exigir que as autoridades no mundo todo, e as brasileiras de maneira mais específica, promovam ações efetivas em seus programas de enfrentamento ao novo coronavírus para que, mais uma vez, não sejam garotas e garotos vítimas dos mais variados tipos de aviltamento à condição humana. O medo de estar em casa com seus e suas possíveis violentadores(as) torna a vida das crianças e dos(as) adolescentes confinados(as) um terror de consequências psicológicas e psiquiátricas terríveis. Se aqueles(as) que deveriam lhes dar carinho, amor e proteção, cuidado e orientação lhes ofertam perversidade e abusos, como podem viver as crianças e os(as) adolescentes?

Certamente, passam a viver atormentados(as), horrorizados(as), submissos(as) e desprotegidos(as) que se encontram. Nesse sentido, é imprescindível que adultos(as) saudáveis e protetores(as) impeçam que outros(as) adultos(as), perigosos(as) e nocivos(as) às infâncias, ponham em risco a vida dos(as) nossos(as) meninos e meninas e para tanto precisam ser guardiães das crianças e dos(as) adolescentes, acionando, sempre que necessário, os órgãos e os(as) sujeitos(as) que compõem o sistema de garantia de direitos, mas, antes de tudo, sendo proteção e zelo, para quem sozinho(a), numa sociedade adultocêntrica, não consegue se proteger.


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