Cris Kerr
CEO da CKZ Diversidade, consultoria especializada em inclusão e diversidade, e professora da
Fundação Dom Cabral
Durante este momento de quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), podemos observar várias lições, entre elas a humanização nas relações e o quanto é importante se preocupar com o outro. Esses momentos de desafios nos levam a refletir sobre o nosso posicionamento na vida, e espero que traga muitos aprendizados e transformações.
O coronavírus não tem o mesmo impacto nas pessoas. Segundo o Ministério da Saúde, ele tem sido mais letal entre negros e pardos e esse fato está ligado à desigualdade social, além das doenças associadas. Infelizmente, pessoas em condições de vulnerabilidade socioeconômica estão mais expostas.
E é nesse cenário que podemos notar a empatia, a doação e a caridade se espalhando nas ações das pessoas e das empresas. Essas ações estão criando um caminho para que a solidariedade e a cultura da doação se espalhem pelo Brasil.
Podemos aproveitar essas lições que estamos aprendendo, a cada dia, também no universo corporativo. Ninguém pode se dizer melhor do que o outro apenas pelo cargo que ocupa; afinal, eu "não sou o cargo", eu "estou no cargo". Isso é momentâneo. E quando você assume essa postura inclusiva e enxerga as diferenças como algo que agrega, a empresa como um todo só tem a ganhar.
Quando pensamos em diversidade e inclusão, precisamos entender que o posicionamento institucional da corporação deve estar totalmente alinhado para receber e acolher todas as pessoas, entendendo que as experiências, vivências e culturas distintas podem gerar uma troca relevante para a companhia, ocasionando mudanças internas e externas.
Muitos talentos já buscam por vagas em empresas que estão abertas à diversidade e que tenham uma cultura inclusiva. Eles entendem que uma companhia com valores reais de diversidade e inclusão também possui valores corporativos que se sobressaem aos interesses e crenças individuais, e que valoriza o profissional. Esse olhar flexível para as mudanças nas corporações se faz necessário, já que é uma estratégia cada vez mais indispensável para reter os profissionais.
As mulheres, pessoas negras, LGBTI+, com deficiência devem ter as mesmas oportunidades que as demais pessoas e a crise atual vem justamente para abrir nossos olhos em relação à inclusão. A esperança que fica agora é que esse aprendizado seja para sempre.