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Estado de Minas

Depois do vírus

O que virá depois da pandemia com o emprego e a renda é preocupante. Tudo indica uma depressão econômica de incerta duração


postado em 29/03/2020 04:00 / atualizado em 28/03/2020 21:44

Seguir-se-á uma tremenda recessão econômica? Seria uma benção. Vai ocorrer uma profunda depressão.
Não tenho competência para saber sobre a geopolítica após o surto do COVID-19, a não ser a China que já debelou a epidemia. Recuperará a queda de seu PIB. Seguirá como potência mundial emergente, capaz de suprir os mercados de produtos industrializados (a Califórnia continuará a receber de lá 30% de seus chips). Os médicos chineses, certamente, permanecerão na Itália na fase pós-traumática para evitar erros e certamente abrirá linhas de crédito para países necessitados, pois continuará precisando de mercados para vender e alimentos para comprar. Mas o resto do mundo vai se recuperar rapidamente? Se depender do nosso presidente, sim. Trata-se de "um resfriadinho".

O Eduardo Bolsonaro é um ser tão vil e ignorante que desconhece o quanto o mundo e o Brasil precisam da China. Que o Trump tema a sua ascensão inevitável é natural, mas que o Dudu cabeça de mosca expila ódio pelas narinas contra a China é caso a ser examinado por psicanalistas. Disse que a China fez de propósito o ocultamento do surto do coronavírus.

Seu pai foi mais inteligente ao constatar o óbvio: a epidemia começou na província de Hubei. Faltou dizer que Hubei está no centro da China. Os primeiros ameaçados eram os demais chineses, mais de um bilhão. Outra teoria da conspiração, e, por isso, não crível, insinua que foram os EUA que criaram o vírus em laboratório e o puseram na China, outra balela. E convém relembrar que foi um comissário de bordo de Nova York o grande exportador da aids mundo afora. E, por isso, vamos culpar os americanos? Convidava certos passageiros estrangeiros a frequentar as boates fervilhantes de gays de NY. Está no livro de Lapierre sobre o tema. É natural que os governos demorem a declarar epidemias para evitar o pânico. Como fez a China, por 10 dias.

Contudo, a questão a abordar é outra. Vírus existem em todo lugar, especialmente em climas mais quentes, sem excluir os que gostam do frio. Será que estamos num tempo de muita poluição e superpovoamento? Outros surtos, até mais mortais, estão no plano de possível e do plausível? A ciência precisa nos dizer e achar mecanismos de defesa. Aposto que os americanos já estão bolando ao menos 10 filmes sobre o tema e os chineses, japoneses e alemães pesquisando virologia.

Outras questões merecem atenção. Em que medida - se a pandemia se prolongar demais - os meios de produção, as cadeias de produção (inputs e outputs) se desorganizarão, a ponto de colocar em risco o abastecimento das populações? Fomes endêmicas são mais do que possíveis e até já existem. É hora de criar um fundo internacional, via ONU.

O vírus coroado, verdadeiramente, nos trouxe muitas matérias que precisam ser repensadas. Uma delas são os sistemas de saúde. O da Itália, para muitos o melhor da Europa (quando precisei dele, há muito tempo, em Florença, fiquei impressionado com a sua eficácia e estranhei certos protocolos. Um proíbe farmácias de aplicar injeção!). Mas não faltam postos médicos gratuitos.

Pois bem, em tempos normais ele funciona a contento. Em épocas de crises agudas, nenhum sistema de saúde funciona. Então é preciso pensar em propostas minimamente eficazes para o enfretamento de epidemias. Quase sempre, essas catástrofes envolvem os sistemas respiratórios e digestivos (intestinos) e a pele. O mundo e a OMS devem colocar questões desse tipo em primeiro plano.

Contudo, o presidente falar em rede nacional que a COVID-19 é uma "gripezinha" é de uma irresponsabilidade total. Não se trata de gripe, mas de pneumonia virótica. Daí a sua gravidade. Os casos nem tantos são.

O direito internacional público e privado, bem como os protocolos internacionais, devem voltar-se agora para a área de saúde, em todos os aspectos, inclusive o de facilitação das transações bancárias e o disciplinamento mais atento das indústrias farmacêuticas, cujo âmbito é internacional, obrigando-se em situações dramáticas a fornecer remédios e sua transportação (evidentemente serão ressarcidos, as que forem da livre iniciativa, sob parâmetros pré-estabelecidos).
Mas a questão mais dramática a colocar contra a parede os sistemas econômicos capitalistas (99%) é a de acudir, com rapidez e solidariedade, os países pobres da Ásia, Américas Central e do Sul e, principalmente África. Fala-se muito em cristianismo e amor ao próximo. Vamos ver essa questão quando os afetados sejam as populações pobres do planeta azul, como a viu maravilhado Yuri Gagarin, o primeiro homem a ver a Terra do espaço, branca e azulada, como a bandeira de sua pátria, que muitos desavisados ainda acham que é um pais socialista sem sê-lo.

De nossa parte, o dólar vai a R$ 5 por um. Bom para as exportações, ruim para a importação de insumos, a encarecer os preços finais para os consumidores brasileiros. O que virá depois da pandemia com o emprego e a renda é preocupante. Tudo indica uma depressão econômica de incerta duração.


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