(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

A culpa nos relacionamentos abusivos

A cada quatro minutos, uma brasileira é agredida e sobrevive


postado em 22/02/2020 04:00

Ângela Mathylde
Psicanalista e psicopedagoga

Dados do Ministério da Saúde revelam que, a cada quatro minutos, uma brasileira é agredida e sobrevive, sendo maioria entre as vítimas de violência física, sexual ou psicológica. As notícias sobre feminicídios já fazem parte da rotina. Muitas são agredidas pelo próprio companheiro, suportando até mesmo anos de violência apenas por causa de um fator: culpa.

Um caso recente retrata o peso desse sentimento. Uma jovem que sofreu tentativa de feminicídio, ano passado, pediu permissão ao juiz para beijar o réu durante seu julgamento, realizado recentemente. Dos sete tiros disparados pelo namorado contra ela em uma praça, cinco a atingiram. Ela declarou que o perdoou, pois o tinha provocado, que "ele foi o melhor homem com quem se relacionou na vida" e ainda solicitou permissão para visitá-lo no presídio.

Acontecimentos como esse refletem o grave adoecimento mental de mulheres expostas a situações de violência e relacionamentos abusivos. O companheiro a fez acreditar que sofreu a agressão porque mereceu e que seus atos são apenas consequências de comportamentos indevidos da vítima. Muitas vezes, o "comportamento inadequado" não passa de uma ação corriqueira, como conversar com um amigo, sair com colegas, trabalhar fora ou usar uma roupa curta.

O problema começa quando o agressor justifica seus atos alegando que as ações são motivo para uma "explosão de raiva". A vítima passa a acreditar que de fato errou e, por isso, permanece no relacionamento. Assombrada pela culpa, não denuncia o companheiro e pode até mesmo acabar se desculpando por atos simples. Por vezes, a culpabilização da vítima acontece por outras mulheres, também acostumadas a relativizar agressões.

É fundamental as vítimas receberem ajuda profissional. Trabalhar os medos, inseguranças e problemas do passado é essencial para perceber que nada justifica uma agressão e possa se proteger. Muitas vezes, o auxílio psicológico pode salvar a vida dela, que, ao perceber o abuso em seu relacionamento, consegue romper e se afastar do agressor.

É necessário ter paciência. Em um relacionamento abusivo, é muito difícil enxergar a maldade no outro. Afinal, aceitar que a pessoa amada possa ser capaz de agredir e, até mesmo matar, é extremamente doloroso. Ao encontrar uma mulher nessa situação, a recomendação é reforçar que a violência sofrida não é culpa dela. A vítima pode estar sofrendo com a dependência emocional do agressor e, nesses casos, o ideal é mostrar outras possibilidades de felicidade longe do companheiro, como o desenvolvimento de hobbies, amizades e da carreira profissional, que, geralmente, são completamente afastadas pelo ciúmes do agressor.

É importante reforçar sempre, também, a necessidade de buscar ajuda psicológica e denunciar a agressão. Vencendo o medo e reportando a violência na primeira vez, evita-se iniciar um ciclo de culpabilização, medo e violência.  


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)