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O Brasil que nega seus intelectuais

O papel dos intelectuais sempre foi de fundamental importância na compreensão de propostas necessárias que visem a mudanças significativas no campo da educação e, a partir desta, atingir todas as outras áreas


postado em 18/01/2020 04:00

Eudásio Cavalcante Melo
Graduado em filosofia, mestrando em educação tecnológica no Cefet-MG
 
A situação que estamos testemunhando e vivenciando na educação brasileira em tempos recentes nos leva não só a reflexões profundas, como a manifestos como este em nome dos profissionais comprometidos na construção da intelectualidade em nosso país, ora submetidos a tamanha humilhação. A educação está à deriva. Nunca vivemos numa situação de tanto desprezo por parte daqueles que dirigem esta nação. O governo simplesmente virou as costas para um segmento vital a todos os outros. Lamentavelmente, a ausência de projetos significa um futuro obscuro.

Quando falamos em educação, estamos falando de vida e sobrevivência. Um país que não investe na educação está provocando sua própria morte, jogando fora a bússola que garantiria a chegada a algum lugar. Estamos em alto-mar, sem certeza de que chegaremos ao nosso porto seguro, um direito de todos. Furtaram o nosso direito de respirar conhecimento.

Negar a todos esta condição natural – a de consciência –, é tirar o direito de pensar de forma independente. O de construir uma nação que seja resultado de um único corpo pensante, o povo que a constitui. Uma nação sem intelectuais pode ser comparada a um violão sem cordas. Não se consegue extrair dele nenhuma melodia.

O papel dos intelectuais sempre foi de fundamental importância na compreensão de propostas necessárias que visem a mudanças significativas no campo da educação e, a partir desta, atingir todas as outras áreas. A história da educação passou por momentos distintos quanto à sua prática e atuação e obteve resultados diferentes, dependendo da forma como conduzidas.

No Brasil, não foi diferente. Com a construção de nova concepção na forma de conduzir o aluno à aprendizagem e na relação professor/aluno, essa aproximação gerou maiores e melhores resultados. Daí se beneficiaram propósitos políticos, sociais e econômicos na virada na história do Brasil. Uma virada tecnológica.

Nesse sentido, não podemos negar que a palavra transformação seja inerente à própria condição humana. E quando se fala em mudanças, a educação pode ser vista como um caminho transformador. É neste contexto que vamos encontrar intelectuais como Antônio Carneiro Leão, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Paulo Freire e tantos outros comprometidos em transformar a sociedade brasileira por meio da educação. E, a partir dela, instituindo uma consciência coletiva que vise provocar mudanças. A educação como fonte geradora, instrumento para conquistas que levassem a um novo Brasil emergente.

Tirar o Brasil dessa escuridão intelectual. Esse era o objetivo principal daqueles que almejavam ver um país se livrando de tristes estatísticas, como no início do século 20, com 80% dos brasileiros sem acesso à instrução. Eram necessárias reformas que pudessem garantir e ampliar esse direito. Tarefa árdua, mas necessária. O combate ocorreu, a estatística melhorou, mas há muito ainda a ser feito.

A evolução, entendida como movimento que impulsiona o olhar humano sempre pra frente, é resultado de trabalho intelectual, que criou e estabeleceu concepções para além dos fatos. Aqui nasce a ideia que temos hoje dos intelectuais. Figuras importantes, que nos levam a entender a história no que há de mais essencial. Podemos compará-los ao trabalho de um artesão: dá forma, lapida. Ele é, num sentido aristotélico do termo, a causa eficiente da história. Orienta e direciona os rumos e caminhos possíveis a serem percorridos, mas com um detalhe importante: respeitando a liberdade de cada um, pois o que caracteriza o trabalho intelectual não é dominar, mas libertar o ser humano das garras de sua ignorância, lembrando aqui o velho Sócrates.

A história dos intelectuais coincide com a própria história da humanidade. Mudaram a mentalidade política educacional de diferentes épocas, quando prevalecia a ideia de um sistema educacional enraizado numa concepção elitista fundamentada em um ensino literário e retórico.

O novo era e é possível, mas as resistências políticas emperram ideias futuristas e transformadoras no Brasil. E o papel fundamental da classe intelectual é enfrentar os desafios de forma inteligente, para que soluções fluam em benefício coletivo. No Brasil, essa luta não tem sido diferente. A educação passa por momento degradante em todos os sentidos. Falta autoestima tanto do lado de quem ensina como também do lado de quem aprende. O diagnóstico é comparado a um câncer no seu estado terminal.

Tristemente, o que se presencia, porém, é uma intelectualidade sufocada. E reações no sentido de intimidar os que saem em defesa daqueles aos quais é imposta a situação de “não-ser”. O intelectual é aquele que procura dar um brilho diferente em lugares de pouca luz, de pouco entendimento, de pouca racionalidade, de pouca humanidade, de pouca liberdade. Salve os intelectuais! Viva a educação!

 


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