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Fakes. De Cleópatra, Dutra a Trump


postado em 16/12/2019 04:00

Fábio P. Doyle
Da Academia Mineira de Letras jornalista

 

Decisão tomada: não vou confiar, nem publicar, sem a devida e definitiva confirmação, notícias que envolvam políticos e políticas do governo atual, nem do passado. O que tem de informação falsa, manipulada, que lemos ou recebemos, via e-mail e, principalmente, via WhatsApp não está, como se dizia antigamente, no gibi. É o que melhor posso fazer para me livrar de repassar, inadvertidamente, notícias mentirosas, preparadas por ociosos desonestos ou interessados, de graça ou remunerados, em deturpar fatos, verdadeiros ou inventados, para beneficiar ou prejudicar alguém. O que é da natureza nada confiável do ser humano. Bem diferente do reino animal, destituído de sentimentos maldosos. Como meu yorkshire, o Du, amigo fiel que só pede, e agradece, carinho e ração.

Na semana passada, quase me envolvi no que nos EUA chamam de fake news, notícias falsas, expressão usada pelo presidente Donald Trump, vítima constante delas. Ficou famosa sua reação a críticas da CNN: "You are fake news".  A expressão passou a ser usada no Brasil e no mundo todo. Recebi, via WhatsApp, informação importante, se verdadeira: mais de mil assinaturas de um jornal paulista estavam sendo pagas por um ministério, desde os tempos do  PT. Acreditei, no princípio. Alertado por amigos, resolvi pesquisar. Abri o WApp, nada. Quem me enviou a fake apagou  a mensagem, naturalmente usando o "apagar para todos", para não deixar rastro. Seria, concluí,  mais uma fake news. Escapei, não a incluí no  artigo do dia 9.
Muitos acham que fakes são invenção recente. Não são. Estão em evidência, mas sempre existiram, com outros nomes: boatos, falsidades, mentiras, notícia fabricada, informação manipulada. Desde os tempos medievos. Quem estudou história antiga, no curso ginasial, deve se lembrar da morte do general romano Marco Antônio. Apaixonado, e quem não ficaria, por sua mulher, Cleópatra, recebeu no campo de batalha a notícia de sua morte, havia cometido suicídio. O valente, o corajoso general, não suportou a perda, suicidando-se também. A notícia era falsa, e lhe foi levada para abalar o seu ânimo guerreiro. Será, talvez, um dos episódios históricos mais antigos da maldade do ser chamado de humano, que se enquadra numa fake news.

A URSS, nos tempos da guerra fria, com a KGB agindo sempre de forma criminosa para prejudicar os EUA e seus aliados, usou e abusou das mentiras, das fakes. Algumas: "A Aids foi criada pelos norte-americanos para dizimar os inimigos"; "Os astronautas da missão Apollo não desceram na Lua"; "John Kennedy foi assassinado pela CIA". E, na campanha presidencial, trabalhando contra o Partido Democrata, divulgou foto da candidata Hillary Clinton, montada sobre uma, de 1977,  do reverendo Jim Jones, deixando-a com aparência lastimável.

O Brasil também teve suas fake news famosas. O Plano Cohen. As cartas falsas atribuídas ao político mineiro Artur Bernardes. E a que mudou o destino do país em fase conturbada, em 1945, quando o marechal Gaspar Dutra (PSD)  derrotou o candidato favorito à Presidência, o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN). O responsável pela notícia falsa, pela fake news que elegeu Dutra, foi o político paulista Hugo Borghi. Ele divulgou, pela imprensa e milhares de panfletos, que o brigadeiro teria dito, em discurso, que não precisava do voto dos "marmiteiros" (trabalhadores, os que levam marmita para o trabalho). Mentira deslavada que derrotou Eduardo Gomes. A frase verdadeira era outra: "Não necessito dos votos dessa malta de desocupados que apoia o ditador (Getulio Vargas) para eleger-me presidente da República". Dutra foi um presidente austero, honesto. Mas Eduardo Gomes teria tornado o Brasil mais independente, mais respeitado, mais próspero.
Como acabar com a enxurrada de notícias falsas distribuídas e publicadas nas ongs, na imprensa? Como apurar que aquela informação, aparentemente séria, não passa de uma fake news destinada a prejudicar ou beneficiar alguém? É a preocupação de todos. Um grupo de  analistas norte-americanos e europeus criou uma entidade especializada no assunto, a Fact – Checking Network. Eles se reúnem, trocam impressões, estudam soluções. Até agora os resultados são modestos. Quando consultados sobre determinada informação duvidosa, às vezes conseguem apurar se é verdadeira ou falsa. No Brasil, um grupo de empresas jornalísticas e assemelhadas criou a Fato, com o mesmo objetivo, com resultados também modestos.

O mais grave é que  estão montando uma fake sobre outra fake, para atingir o presidente Bolsonaro, afirmando que ele foi eleito por ter usado em sua campanha fake news contra o PT, contra Lula, contra Dilma, contra o candidato do petismo, sr. Haddad. Ora, ora, o eleitor não foi influenciado por nenhuma fake news, mas pela  reação aos escândalos, à corrupção, à falta de ética e de respeito à coisa pública. Contra a bandalheira. Votou contra os que a praticaram, os do PT. E escolheu o candidato que prometia acabar com ela. Bolsonaro, o eleito, está cumprindo o que prometeu ao povo brasileiro. Seu governo conseguiu varrer para a lixeira parte considerável da imundície poluída que herdou. E está conseguindo recuperar a estabilidade e a respeitabilidade do país. Os índices econômicos e financeiros estão em alta, pela primeira vez em mais de 10 anos, o que pode ser comprovado no nosso dia a dia.

A verdade é que precisamos tomar cuidado com o que é divulgado por fontes não confiáveis. O melhor, no nosso caso, jornalistas, é não acolher e não repassar ao leitor aquilo que possa ser, no dia seguinte, comprovado como falso, como mentira, como as fake news que Donald Trump batizou em declaração inspirada. É o compromisso que assumi comigo mesmo e com os leitores fiéis e que confiam no que leem. Que outros façam o mesmo.


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