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Estado de Minas EDITORIAL

Desigualdade que persiste

A concentração de renda nunca esteve nem perto dos padrões internacionais mais razoáveis


postado em 14/12/2019 04:00




A persistente desigualdade existente no país pode ser constatada por inúmeras pesquisas, independentemente das metodologias que utilizam, mas a conclusão de todas elas é uma só: o grave problema não é tratado com deveria pelos sucessivos governos dos períodos democráticos e de exceção na era republicana. Estudo sobre o espinhoso tema conclui que o Brasil é o segundo país mais desigual do planeta entre os que disponibilizam estimativas baseadas em dados tributários. Só perde para o Catar, emirado do Oriente Médio localizado na Península Arábica. Lá, 1% da população mais rica abocanha 27% da riqueza produzida. Aqui, o mesmo percentual dos mais ricos, aproximadamente 1,5 milhão de brasileiros, fica com 23,2% da renda total declarada pelas pessoas físicas através do Imposto de Renda, o que é considerado situação bastante preocupante.
 
De acordo com pesquisa do sociólogo Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a concentração de renda nunca esteve nem perto dos padrões internacionais mais razoáveis nas últimas décadas. Como exemplo, mostra que a concentração de renda desse minoritário grupo de ricos no Brasil é 164% maior do que na Suécia, onde o estrato do 1% mais abastado responde por 8,8% da renda total. Na Alemanha, é de cerca de 10%, o mesmo percentual da França. Na América do Sul, no Chile está um pouco acima dos 20%, mas ainda abaixo do Brasil. Para o pesquisador, nenhum país "é tão desigual por tanto tempo sem ter se acostumado com isso".
 
O levantamento revela que, de 1926 a 2013, período em que foram analisadas as declarações de Imposto de Renda das pessoas físicas, a parcela da riqueza apropriada pelos ricos é traço marcante da desigualdade brasileira. Em grande parte do tempo pesquisado, a fração da renda recebida pelo 1% mais rico girou em torno de 20% a 25% . E a disparidade persistiu, apesar das profundas mudanças econômicas e sociais, com a população crescendo seis vezes e o Produto Interno Bruto (PIB) 12 vezes. Outro dado que chama a atenção é que a concentração de renda se deu de forma mais acentuada durante os governos de exceção – Estado Novo de Getúlio Vargas e os primeiros anos do regime militar instaurado em 1964.
 
O estudo enfatiza que a desigualdade muito alta afastará o país do ideal de igualdade de oportunidades, o que acaba influindo no processo de desenvolvimento econômico, pelo simples fato de que muitos talentos promissores serão perdidos. Entre 2015 e 2018, o problema se aguçou e, o mais grave, a renda dos mais pobres caiu. Na avaliação de Herculano, se o país quiser chegar perto das nações desenvolvidas, paralelamente ao crescimento da economia, tem de reduzir a concentração no topo da pirâmide pelo menos pela metade, o que não acontecerá se nada for feito. Não será por inércia que isso acontecerá. Portanto, já passou da hora de a questão ser levada a sério e fazer parte das prioridades da nação.



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